007: Agent Under Fire | Análise Retro

007: Agent Under Fire | Análise Retro

06/01/2021 0 Por Tony Santos

Sucessor de um clássico

Os games do agente safadão James Bond só começaram a ter relevância com o clássico GoldenEye, feito pela Rare e lançado em 1997 para Nintendo 64.

Lançado três incríveis anos após o filme de mesmo nome, GoldenEye foi inovador, pois foi o primeiro FPS decente feito exclusivamente para consoles, criando um padrão de comparação para futuros jogos do mesmo gênero.

LEIAM – Destruction Derby | Burnout no Nintendo 64?

Enquanto que no PC os FPS já estavam consolidados com Doom (1994) e Quake (1997), os consoles por sua vez penavam muito pra rodar algo de mesma qualidade.

007: Agent Under Fire

Alguns ports foram feitos dos jogos acima, mas por terem um design voltado para uma plataforma mais robusta, o resultado era sempre grotesco.

GoldenEye, por outro lado, foi projetado para o 64-bits da Nintendo e com isso tivemos gráficos e controles feitos pensando no desempenho do console, e não o design baseado em cortar conteúdo que permeava os ports de outros FPS.

Mas esse texto não é pra exaltar o “007 64”, e sim falar sobre seu primeiro sucessor: Agent Under Fire.

Seguindo os passos da Rare

A MGM, detentora dos direitos dos filmes, estava interessada em fazer um game novo do agente secreto e de fato ofereceu a Rare a oportunidade de criar uma sequência do game anterior.

A empresa então recusou, por motivos que ninguém sabe exatamente, e assim houve necessidade de achar outra empresa. Assim, a série foi parar nas mãos da EA.

007: Agent Under Fire

A Eletronic Arts não acertou o jeito de fazer jogos da série de primeira. Depois de fracassos como Tomorrow Never Dies (1999) e The World Is Not Enough (2000), foi necessário esperar a chegada da geração seguinte (PS2/GameCube) para que a visão da empresa fosse melhor representada na TV. Assim, nasceu Agent Under Fire, que pode ser considerado uma pérola esquecida daquela geração.

A história

O game não se baseia em nenhum filme, contando uma história original que junta um pouco de tudo que ficou popular durante a era Pierce Brosnan. Ou seja: muita tranqueira tecnológica (defasada nos dias de hoje), “gostosas” (magrelas sem bunda que só americano acha bonitas) e plot twists sem pé nem cabeça.

Ainda que pareça ruim, o jogador não precisa se importar muito com a história. As cutscenes acontecem entre as fases e, ainda que curtas, podem ser puladas. Já adianto que o que vale aqui não é a história, pois nem um final decente ele proporciona. As qualidades do game estão em outras partes.

007: Agent Under Fire

Gameplay

Não sei se vocês lembram, mas a maioria dos FPS da era PS2 eram sofríveis. Mesmo os mais populares, como Medal of Honor e Call of Duty sofriam pra entregar uma experiência satisfatória. Bem, em 007: Agent Under Fire ainda não temos a perfeição, mas com certeza o pessoal da EA olhou muito pra GoldenEye pra tentar criar algo similar.

Os controles funcionam bem se você ajeitar no menu de opções logo de cara: por ser um game antigo, o padrão de atirar com os botões de ombro… ainda não era padrão, tampouco era mirar com o analógico direito e andar de lado com o esquerdo.

Por sorte, essa opção de controle mais moderno está presente e pode ser selecionada. Assim, os botões de face servem para interagir (abrir portas, por exemplo), pular, recarregar e usar os gadgets.

007: Agent Under Fire

O diferencial 007

Os supracitados gadgets (bugigangas) são o que tornam o o game diferente da maioria dos jogos do gênero. Ao invés de só invadir os lugares que nem um louco que mata todo mundo, aqui você faz exatamente ISSO, só que um pouco mais de classe.

Em algumas fases, Bond precisa usar os acessórios à sua disposição para hackear computadores, se pendurar em uma plataforma distante ou derreter trancas com seu celular. Tudo funciona de maneira até que orgânica, porém o game peca em não te ensinar a funcionalidade de cada item.

Talvez o manual ensine, mas para nós que simplesmente baixamos o jogo ou compramos na feirinha na época, acabamos ficando perdidos em alguns momentos, mas nada que uma consulta na internet não ajude.

Além disso, existem fases de carro, onde 007 precisa destruir inimigos e alcançar objetivos dentro de um mapa aberto. Diferentemente do horrendo 007 Racing, aqui é possível pegar diversos caminhos com o carro.

A direção é satisfatória para o que o game propõe e serve como um momento de respiro depois de algumas fases normais mais difíceis.

Desgraças frutos de seu tempo

007: Agent Under Fire é um grande FPS da sua época. Ainda que controlar a mira não seja algo muito preciso às vezes, o jogo compensa acertando a mira nos inimigos, mas só se você tiver próximo a eles.

A dificuldade é o único fator desgraçado do jogo. Ele possui um sistema de vidas (!?), onde o único checkpoint é no meio das fases.

Por vezes eu estava no final de uma fase, só pra tomar um hit-kill e voltar pro meio da mesma. Aliás, em VÁRIOS momentos o jogo te coloca em situações onde, independentemente da sua energia, um único dano vai te matar.

Assim, mesmo que as fases possuam no máximo uns 10 minutos, morrer no final delas desanima demais às vezes.

Conclusão

Ainda que possua alguns problemas, o game possui o apelo de GoldenEye. O multiplayer local é muito legal e sua campanha, ainda que curta — com apenas 12 fases — é bem diferenciada e divertida.

A melhor versão do game se encontra no Game Cube, e como sua emulação é fácil hoje em dia, eu recomendo essa como a forma ideal de jogar esse clássico.

Com suas seis horinhas de duração, 007: Agent Under Fire é uma oportunidade perfeita de zerar um game robusto da geração do PlayStation 2.