Lunar Axe | Mata a Cobra e Mostra o… Machado

Lunar Axe | Mata a Cobra e Mostra o… Machado

21/04/2024 0 Por Geovane Sancini

Eu gosto de adventures de objetos ocultos. Eu tropecei no gênero por acaso, quando comprei Valerie Porter and the Scarlet Scandal, e de lá pra cá, joguei vários jogos do gênero, me aprofundando a ponto de fazer speedruns de um deles no PS4. E durante um tempo, eu pensei em criar o meu próprio jogo do gênero, visto que tempo atrás, existia uma engine dedicada a isso, mas a publisher responsável a tirou do ar, acho.

Dentre os mais de duzentos jogos do gênero que experimentei, foram muitos altos, muitos baixos e até mesmo um jogo que se passa no Brasil, ainda que não retrate especificamente coisas locais. Curiosamente, o dito jogo não tem legendas em português. Enfim, em relação a jogos de objetos ocultos, até mesmo escrevi um especial sobre a série Enigmatis (uma das poucas séries que de fato tem uma continuidade) um tempo atrás aqui no Arquivos do Woo.

Mas, meu conhecimento sobre produções nacionais sobre o gênero era menor que reputação de político. Sério, nunca vi jogos do gênero feitos aqui, é quase como Visual Novel, uma parada nicho do nicho do nicho, se tem gente BR trabalhando, certamente é junto com gente de fora, como na visual novel Gods of the Twilight. Bem, isso meio que mudou quando a QUByte anunciou o porte de Lunar Axe para consoles.

Desenvolvido pelo estúdio Maranhense Ops Game Studio, Lunar Axe foi lançado nos PC’s em julho de 2022, e chegou agora em Abril de 2024 para consoles, graças a QUByte. Vamos ver como é o jogo?

Reprodução: Ops Game Studio, QUByte Interactive

A cobra vai destruir a cidade

A verdade é que o roteiro de Lunar Axe é bem raso, o seu personagem em si nem tem nome. Você está numa casa que foi destruída após um terremoto, um de muitos, que tem assolado a cidade de São Luís, no Maranhão. Você precisa dar um jeito de sair da casa e descobrir o mistério por trás desses terremotos, ligados a uma lenda local e evitar a destruição da cidade.

Uma das coisas que me incomodou, considerando que é um jogo de Objetos Ocultos, é que o jogo é vazio de personagens, o que temos no máximo é o Guardião do Machado Lunar, que aparece como um fantasma, e lembranças de personagens da última vez que a cobra atacara São Luís, através de logs que você encontra em diários e cartas espalhados.

Por outro lado, um positivo é que é possível encontrar as referências utilizadas pela equipe na narrativa, em puzzles extras. E outro positivo que podemos mencionar, é que o jogo possui dois finais, dependendo do resultado da batalha final.

Reprodução: Ops Game Studio, QUByte Interactive

Funcional, com falhas… E curto.

Se você souber o que está fazendo, e for bom nisso, Lunar Axe pode ser terminado em menos de uma hora, o que é um tempo curto, até mesmo para os padrões de Adventures de Objetos Ocultos (minha speedrun de Abyss: The Wraiths of Eden foi feita em 53 minutos), que usualmente duram entre 2 e 4 horas, dependendo se você vai fazer tudo. Mas a duração curta é o menor dos problemas de Lunar Axe como um adventure de objetos ocultos.

Pra começar, os puzzles, apesar de em sua maioria, simples e condizentes com o gênero, não oferecem explicação alguma sobre a execução dos mesmos, e para aqueles menos desafortunados, não há como pulá-los, como acontece com os jogos do gênero. O jogo oferece opções de dificuldade, mencionando maior tempo para resolver os puzzles, mas só há um puzzle que se utiliza de um limite de tempo.

As cenas de objetos ocultos são ridiculamente fáceis, com poucos objetos a serem coletados (apenas seis por cena), e após a resolução das mesmas, a cena ainda é acessível, mesmo que não haja nada lá, novamente levantando a comparação, outros jogos costumam reaproveitar locais de cenas de objetos ocultos, mas enquanto elas não são reaproveitadas, ficam inativas. Aqui, elas são clicáveis, mas não há nada.

O sistema de dicas do jogo não funciona tão bem quanto deveria, e ainda que ele seja mais ou menos linear, as vezes é meio obtuso saber pra onde se deve ir. Outras coisas do jogo acabam sendo contra intuitivas para o gênero, como o uso de itens e a combinação dos mesmos para uso posterior. A batalha final é criativa (não são muitos jogos do gênero que possuem algum tipo de combate), mas as hitboxes da cobra não são lá bem claras.

O curioso, é que apesar de todas essas falhas que indiquei, o jogo não possui falhas GRAVES de um adventure de objetos ocultos, a experiência é suave, relativamente falando, é meio difícil explicar pra quem não conhece o gênero, mas ainda que Lunar Axe não chegue ao patamar dos jogos da Big Fish ou da Artifex, ele também não chega ao nível de jogos que estão na parte baixa do Steam (aqueles que você compra a um, dois reais e estão com 50% em promoção).

Reprodução: Ops Game Studio, QUByte Interactive

Graficamente estiloso e bom sonoramente falando

Para um adventure de objetos ocultos, faltou uma coisa que é essencial no gênero: Uma dublagem cafona. Sim, esse é um dos pilares, que torna os jogos divertidos: Dublagem feita com gente do leste europeu com sotaque forte.

O jogo tem um estilo gráfico desenhado único, com traços fortes, o que trabalha postivamente e negativamente em prol do jogo. O positivo é que ele se destaca, sendo graficamente diferente da maioria dos jogos do gênero, porém, na hora de coletar coisas nos cenários, os objetos acabam se confundindo um pouco com os backgrounds.

Os cenários, baseados na cidade de São Luís, no Maranhão (onde a história se passa) dá um bom toque de brasilidade ao jogo, o que na minha opinião, dá um gostinho bom ao jogo, ainda que obviamente eu nunca tenha visitado o Maranhão. (Geograficamente, o mais próximo do Maranhão que estive, é quando visitei Rio das Ostras, numas férias em 2000, 2001).As animações são ok, bem feitas, no mesmo traço.

A trilha, é bem esparsa, mas bem utilizada para dar melhor ambientação, o que é bem comum no gênero em si. Não tenho muito a falar.

Reprodução: Ops Game Studio, QUByte Interactive

Podia ter sido mais

Lunar Axe tinha potencial pra ser um expoente do gênero aqui pro Brasil, porque a base é relativamente bem feita, mas tropeça nas minuncias do que faz um adventure de objetos ocultos ser um adventure de objetos ocultos.

A história esparsa, e as falhas de gameplay me impedem de dar uma recomendação completa, mas o jogo é relativamente barato em qualquer plataforma (No Switch e no Xbox o jogo é mais barato do que a versão original de PC), então vai muito de você curtir ou não o gênero.

Nota: 6.5/10

Lunar Axe está disponível para Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X | S e PC. Essa análise foi feita com uma cópia de PS4, cedida gentilmente pela QUByte.