Lords of Exile | Ação frenética Retro-moderna

Lords of Exile | Ação frenética Retro-moderna

22/02/2024 0 Por Geovane Sancini

Ah, jogos inspirados por franquias retrô, um dos atrai trouxas mais lucrativos de todos os tempos. Qualquer idiota meramente competente com um computador, pode fazer um “joguinho inspirado por Mega Man” e publicar no Steam… “Por quê você não fez um clone de mega man e publicou no Steam, Sancini?”, você, voz da minha consciência pergunta. QUE PARTE DE “MERAMENTE COMPETENTE” VOCÊ NÃO ENTENDEU? Eu só me enquadro na parte de idiota com um computador. Mas enfim, jogos com inspiração retrô vai atrair um público, mas é claro que pra cada Shovel Knight vai ter uns 10 Pixel Devil and the Broken Cartridge.

O que quero dizer, é que jogos retro inspirados existem aos montes, mas é necessário peneirar, quantos projetos vemos que parecem promissores, mas acabam mais broxantes que e-thot com tanta tatuagem que parece um carro de Nascar cheio de patrocínio. Geralmente, devs tem que se provar, e os que conseguem chegar lá, são celebrados por um longo tempo… Jogos como The Messenger, 20xx, Cyber Shadow, Final Vendetta, entre outros, são exemplos de jogos inspirados por ip’s antigas que conseguiram ser bem sucedidos.

Onde quero chegar com isso? Não faço a menor ideia. Mas acho que a ideia geral é que nos últimos, 3, 4 anos, muitos jogos de qualidade com inspiração retro, e muitos ainda devem estar em produção, desde jogos da produtoras indie mais famosas, a projetos fundados no Kickstarter.

Um desses projetos foi Lords of Exile, fundado em 2020 no Kickstarter, atingindo a meta de 10 mil euros em 2 dias (o jogo conseguiu quase 32 mil euros no total). Como todo projeto do Kickstarter, ele acabou não entregando na data prometida (a revisão era para março de 2021). Mas, ao contrário de muito projeto do Kickstarter, ele finalmente chegou ao mercado, na metade de fevereiro, e em mais plataformas do que originalmente prometido. Será que ele vale a pena seu dinheiro?

Reprodução: Squidbit Works, PID Games, Pixelheart

Vingança é um prato que se come frio… A não ser que você tenha um micro-ondas.

Na distante Terra oriental de Exilia, você está no papel de Gabriel, um cavaleiro amaldiçoado que servia o temível Galagar. Só que conforme Gabriel ia se fortalecendo com suas habilidades, Galagar, temendo que o mesmo se tornasse mais poderoso que ele, decidiu matar a noiva de Gabriel, o que o torna um vilão não muito inteligente.

Com o corpo inerte de sua amada, Gabriel jura vingança e parte em busca de vingança, e somente buracos bem posicionados o impediriam disso… Não pera, isso foi um spoiler do meu gameplay do jogo. Quero dizer que nada, nem ninguém o impediria de acabar com Galagar.

Indo um pouco na área de “spoilers” (que não é tão spoiler assim), a outra pessoa que deseja vingança, é uma pessoa que você não esperaria, e que é brevemente mencionada no playthrough com Gabriel, Lyria, filha de Galagar. Lyria é uma habilidosa Kunoichi, cuja mãe foi morta por Galagar.

Novamente, Galagar não é o mais inteligente dos vilões. Porque as pessoas que ele provocou com seus atos, são justamente aquelas com poder para derrotá-lo. O jogo possui pouco diálogo falado, e curiosamente a maior parte acaba se relacionando com a primeira chefe, Samantha. Porque o penúltimo chefe é irmão dela, e o próprio Galagar culpa Samantha por não ter impedido Gabriel de ter chegado até ele. Típico de megalomaníacos culparem a todos, menos a si mesmos por sua incompetência.

Reprodução: Squidbit Works, PID Games, Pixelheart

Platformer 2D de primeira… (Exceto com o teclado)

Antes de mais nada, a análise desse jogo foi feita com base na versão de PS4, mas para uma compreensão de um jogo multiplataforma, eu também testei a versão de PC utilizando o teclado (ainda mais que a página do jogo na steam recomenda que se jogue com um controle) para efeitos de comparação. Dito isso, Lords of Exile é um platformer de ação 2D a la Castlevania, Ninja Gaiden e outros jogos das antigas.

O design de fases é reminescente das inspirações, mas competente o suficiente para estar de pé nas suas próprias pernas. Graças a Deus, nada de caminhos alternativos ou “mamãe quero ser metroidvania”, apenas puro e simples design linear com execução bem feita. A pequena exceção a esse design, são algumas salas secretas que não acrescentam em nada, e possuem máquininhas de caça níquel pra ganhar power-up’s e refills de energia. Essas máquinas exigem dinheiro (que você pode coletar em caixas ou matando inimigos). Não sei motivo dessa inclusão, já que power-up’s e refils de energia podem ser coletados em caixas, matando inimigos e em lojas, com o dinheiro adquirido.

A jogabilidade é bem semelhante aos classicvanias, embora o gameplay de Gabriel esteja mais próximo ao de Zangetsu em Bloodstained: Curse of the Moon, devido ao uso de espadas. A princípio, o moveset dele é limitado, mas conforme as fases vão passando, mais novos movimentos e poderes Gabriel vai adquirindo, pulo duplo, espada fortalecida, mais capacidade pras sub armas, novos ataques. Mas não são só sub-armas que Gabriel tem. Derrotando certos sub-chefes, ele consegue invocar espíritos que podem ser utilizados tanto pra ataque, quanto pra passar de certas partes do jogo.

As batalhas contra chefes são terrivelmente simples, e constituem basicamente decorar os padrões de ataque dos mesmos e contra atacar. O único chefe realmente criativo é o Aranha, onde sempre deve estar em constante escalada em boa parte do combate. Mas dizer que os chefes são simples, não quer dizer que são fáceis, assim como as fases, você vai morrer muito até passar as fases. Ou eu sou ruim pra caralho, pode ser isso também.

Após terminar o jogo você desbloqueia a Lydia, e os modos de Boss Rush e Speedrun. Com a Lydia, ela possui basicamente quase todas as habilidades de Gabriel já desbloqueadas, e ela ataca a distância com kunais e a curta distância de maneira melee, além de poder correr, garantindo fator replay. Num joystick normal, os controles funcionam que é uma beleza, mas pra jogar no teclado é um pouquinho complicado, mesmo após um remapping.

Reprodução: Squidbit Works, PID Games, Pixelheart

Belos Gráficos, trilha foderástica

Graficamente, Lords of Exile é bastante competente. Os cenários são ricos em detalhes e efeitos, desde paralax a iluminação, chefes enormes. Os sprites possuem a pegada 8-bit com cores limitadas. As poucas cutscenes que o jogo possui lembram bastante as cutscenes de clássicos como Ninja Gaiden e Vice: Project Doom do NES.

A trilha sonora do jogo, amigo, a trilha… Eu quero casar com essa trilha. Composta por Pentadrangle (Cyber Shadow), Dominic Ninmark (Gravity Circuit) e Yuzo Koshiro (Precisa mesmo de referências pra ele?), são músicas feitas no chip do Mega Drive e excelentes composições que vão ajudar a colocar uma injeção de adrenalina na sua veia. Junto com os efeitos sonoros, você vai estar fatiando demônios enquanto headbangeia a vontade.

Reprodução: Squidbit Works, PID Games, Pixelheart

Jogue Lords of Exile

Lords of Exile é meio que uma surpresa positiva pra mim (eu não sabia da existência do jogo), mas enfim, é um excelente jogo com inspiração retrô, que tem uma dificuldade justa e gameplay preciso. Algumas partes vão te dar um trabalho, mas só analisar como sair de dificuldades, e o jogo vai se tornar mais fácil. Com dois personagens, o fator replay é imenso, além dos modos de Speedrun e Boss Rush. Eu recomendo bastante, especialmente hoje em dia, com a quantidade de jogos serviço e roguelikes com deckbuilding inundando o mercado. Ter uma boa experiência single player é mais recompensante do que seguir a tendência do mercado.

Nota final: 9,5/10

Lords of Exile está disponível para PC, Nintendo Switch, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X|S. Esta análise foi feita com uma cópia de PS4, gentilmente cedida pela Plug-in Digital.