VISCO Collection | Um conto de duas coleções

VISCO Collection | Um conto de duas coleções

02/11/2023 0 Por Geovane Sancini

A história de hoje, apesar de se tratar da VISCO Collection, começa ironicamente (por conta do título da análise), em Taiwan, com a desenvolvedora IGS lançando a placa PGM (PolyGame Master), que era bastante inspirada pelo Neo Geo (até os cartuchos possuem tamanhos similares). Se você curte shooters, deve ter se deparado com alguns dos jogos que saíram para a plataforma, como Espgaluda ou DoDonPachi DaiOuJou (embora esses não tenham saído em cartuchos, mas em placas específicas usando o hardware da PGM), e se você teve aquela compilação pirata de luta 10 em 1 no PS2, deve ter se deparado com a conversão de Spectral vs. Generation.

Em Abril desse ano, a IGS resolveu lançar uma compilação com oito de seus jogos para o Nintendo Switch… E boy, oh boy, aquilo foi uma aula de como NÃO FAZER uma compilação. A coletânea foi altamente criticada. A emulação da PGM sempre foi um tantinho problemática na parte sonora, quem usa o MAME sabe disso, e a coletânea possui os mesmos problemas de som, porque usa uma versão do FB Neo. Graficamente, também decepcionou, porque não oferecia opções de tamanhos de tela diferentes, automaticamente esticando a tela pra 16:9, considerado uma heresia para muitos retrogamers. O fato de que a coletânea usa as versões PLUS de alguns jogos (que eram bootlegs com personagens destravados), ao invés das originais é mais um sinal da preguiça, porque apesar dos originais tecnicamente RODAREM no MAME, se você abrir, você recebe uma mensagem de “Esse jogo não vai rodar”. Enfim, novamente, a IGS Classic Arcade Collection foi uma decepção, porque possui jogos que estavam presos no Arcade, mas emulados da maneira mais porca possível.

A parceria entre a QUByte com a VISCO (através de licenças com a francesa PixelHeart, que é a atual dona das IP’s da Visco) começou com a Vasara Collection, que além dos dois shoot’em up’s, havia um modo original feito do zero pela própria QUByte. Depois, houve a Breakers Collection, que além do jogo original, trouxe uma versão buffada de Breakers Revenge, com online, modo de treino, rollback netcode e o escambau, sendo um prato cheio pros fãs de luta.

Em 2022, a QUByte anunciou que a parceria com a VISCO e a PixelHeart continuaria, com a coletânea VISCO Collection, sete jogos da VISCO num pacote, a serem lançados em 2023. E durante o QUByte Connect 2023, o jogo foi lançado de surpresa em todas as plataformas. Será que ela vale o seu suado dinheirinho? Ou será que ela é uma decepção, tal qual a coletânea da IGS? Confira conosco.

Reprodução: QUByte Interactive/Visco/PixelHeart

Conheça os jogos da coletânea

Como essa análise fala sobre uma coletânea, não dividiremos nas seções que eu usualmente faço em um review. Então, vamos começar apresentando um pouco dos sete jogos presentes:

Andro Dunos é um shooter horizontal de 92, que apesar de não ser muito original, afinal de contas, quantos shooters onde num futuro sci-fi precisamos defender a Terra de alienígenas? Com isso, a acusação encerra seu argumento, meritíssimo. Goal! Goal! Goal! foi lançado em 95, e como o título sugere, é um jogo de futebol. Se ele consegue superar a clássica série Super Sidekicks? Bom, talvez o primeiro, mas superar a série Super Sidekicks é uma tarefa hercúlea.

Neo Drift Out: New Technology, de 1996 é o quarto jogo da série Drift Out, que começou com o horroroso título homônimo e teve sua continuação no competente Drift Out ’94: THE HARD ORDER (Sim, preciso colocar o THE HARD ORDER em Caps. Não sou eu quem faz as regras.) e teve um jogo no SNES em 95 (que devido a visão top down é considerado por alguns um remake do primeiro jogo). Enfim, Neo Drift Out é certamente um dos melhores jogos do Neo Geo, e um dos melhores jogos de corrida em visão isométrica já feitos, se não o melhor.

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Battle Flip Shot (Ou simplesmente Flip Shot) saiu em 1998 e, apesar de competente, é um jogo bastante similar a WindJammers, a diferença básica é que antes de “marcar o gol”, é necessário destruir a barreira do oponente. Ganryu, de 99 é um side-scroller de ação “baseado” no confronto entre Musashi Miyamoto e Kojiro Sasaki, e apesar da boa jogabilidade, no quesito gráfico ele deixa um pouco a desejar, ao contrário de sua continuação, que analisamos aqui. No mesmo ano, Captain Tomaday, um ótimo shooter vertical, que é bastante criativo em seu design foi lançado. Um cute’em up pra ninguém botar defeito. Por fim, na ordem cronológica de lançamentos, em 2000 saia Bang Bead, a continuação de Battle Flip Shot, agora com mais personagens jogáveis, continuando a tradição de Pong com gritos de anime.

Em termos de custo-benefício, se os títulos da Visco tivessem saído pela linha ACA Neo Geo, a Visco Collection, mesmo na plataforma mais cara (PS4), custaria mais barato do que sete jogos da ACA Neo Geo combinado, então é bom levar esse fator na hora de considerar a compra.

Reprodução: QUByte Interactive/Visco/PixelHeart

Apresentação

A apresentação dos menus e jogos é simplista, pense numa versão menos extravagante da Capcom Arcade Stadium, num formato estático em 2D com uma máquina de arcade, mudando entre os jogos diferentes da coletânea, além das coisas já esperadas em relançamentos retrô, como filtros de tela.

Uma das coisas que a coleção traz de bom, é um modo online com lobbies, para determinados jogos (todos, com exceção de Neo Drift Out e Ganryu), uma coisa que infelizmente não pude testar, já que eu cancelei minha assinatura da PS Plus há um bom tempo.

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Infelizmente, se você esperava extras mais profundos, essa é uma coisa que falta na VISCO Collection, e o mesmo pode ser dito de um menu semelhante ao dip-switch de máquinas de arcade, para aumentar ou diminuir a dificuldade dos jogos, coisa que por exemplo, os jogos da ACA Neo-Geo possuem.

Reprodução: QUByte Interactive/Visco/PixelHeart

Só é caro no Playstation

Se você tem intenção de comprar a VISCO Collection (que depende muito da sua apreciação por jogos de arcade mais obscuros), o preço é convidativo NA MAIORIA DAS PLATAFORMAS, custando 49,90 no PC e no Switch, 49,95 no Xbox e 104,90 no Playstation. Os jogos em si, apesar de não sendo famosos, são sólidos e o pacote no geral é bacana. A adição do online (coisa que a Arcade Stadium não tinha) é um ponto positivo, e fazendo aqui um gancho com a introdução do texto, os jogos estão na resolução correta.

Nota Final: 8,5/10

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VISCO Collection está disponível para PC, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4 e PlayStation 5, e esta análise foi feita com uma chave digital de PS4 cedida gentilmente pela QUByte Interactive