Kamen Rider Zero-One (HQ) | Tão bom quanto beber desinfetante

Kamen Rider Zero-One (HQ) | Tão bom quanto beber desinfetante

01/09/2023 0 Por Geovane Sancini

Acho que eu já devo ter dito uma, duas ou dez vezes que eu curto a franquia Kamen Rider e Tokusatsu em geral. Eu escrevi uma lista com meus filmes de verão favoritos de Kamen Rider, dei minhas primeiras impressões sobre Ultraman Decker, e até mesmo escrevi um livro inspirado por Tokusatsu, que você pode comprar aqui na Amazon.

Se você não sabe, Kamen Rider surgiu primeiro nos mangás (agora todo mundo que sabe, vai dizer em unissono: Jura, Sancini?), inclusive alguns dos mangás da série estão disponíveis no Brasil, Kuuga é publicado pela JBC, enquanto a NewPOP cuida do mangá baseado no Kamen Rider original e se ficarmos nos mangás de Tokusatsu, a NewPOP tem a licença do mangá de Gorenger (Ou Goranger, Ou Sua Mãe me chama de Seu Pai e não me enche o saco com a grafia), e a JBC cuida do mangá de Ultraman… É, aquele onde o Ultraman não é gigante… Heresia, eu sei.

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Quando se trata de quadrinhos, existem alguns, feitos no ocidente, baseados geralmente em Ultraman, como os baseados em Toward the Future e o Ultraman The Ultimate Hero, publicados pela Harvey Comics, o quadrinho de Ultraman Tiga da Dark Horse, os recentes quadrinhos da Marvel de Ultraman e Ultraseven, e se você for velho o suficiente, deve lembrar dos quadrinhos de tokusatsu da Abril, com Changeman, Jaspion, Flashman, Maskman, dentre outros que eu não lembro tanto. Lembro até das paródias de tokusatsu que eram publicadas nas HQ’s dos Trapalhões.

Enfim, em Abril de 2022, a editora Stonebot Comics anunciou que no fim daquele ano, em parceria com a Titan Comics, estaria publicando uma HQ baseada em Kamen Rider Zero-One, a primeira série de Kamen Rider da era Reiwa (iniciada em 2019 no Japão), com um roteiro original em quatro edições.

A série veio e foi, mas… Será que ela vale a pena o seu tempo? Confira conosco.

Mais parece um especial direto pra DVD… Um especial ruim.

A HQ se passa em algum momento próximo do final do primeiro arco da série (os primeiros dezesseis episódios), contando a jornada de Aruto Hiden (não Arturo, como consta no site da editora), um comediante fracassado que herdou a Hiden Intelligence, empresa de robótica/IA de seu avô, e além disso, é o Kamen Rider Zero-One. A Hiden Intelligence produz os Humagears, que são robôs com inteligência artificial que fazem tarefas do dia a dia, ajudando os seres humanos. Claro que isso aqui em específico é só a ponta do iceberg da série de Zero-One em si, não quero dar muitos spoilers.

Mas a trama da HQ em si, é quando em meio aos seus deveres, Aruto é confrontado por um misterioso ser com aparência de Kamen Rider, que se intitula Ragnarök (Não Ragnorak como afirma o site da Titan Comics) e que quer destruir os Kamen Riders por motivos… Sério, Ragnarok mais parece monstro da semana de uma série do período Showa do que um Magia (Humagears que atingiram o ponto de singularidade, mas foram corrompidos pela Metsuboujinrai.net, em resumo, os monstros da semana de Zero-One) da própria série. Ele não tem motivações, ou sequer uma identidade secreta.

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A trama de Brandon Easton (que tem coisas boas no currículo, como o reboot de Thundercats de 2012, HQ’s de Transformers, dentre outras coisas) é fraca e a baixa quantidade de páginas de cada uma das 4 edições não ajuda. Considerando que a HQ foi concebida BEM DEPOIS que a série de TV estava concluída, seria bom se tivessem referências a outras coisas da série, como easter eggs referenciando a ZAIA Entreprise, e coisas do tipo. As Graphic Novels de Artemis Fowl fizeram isso, e seria bom pra HQ se ambientar no próprio universo.

Horobi, que é parte vital da série, sendo o principal vilão do primeiro arco, mal aparece nesses quadrinhos, assim como Jin. Ao menos mostra o Aruto tentando fazer seus trocadilhos ruins, e o Fuwa (Kamen Rider Vulcan) tentando não rir. Izu é corretamente mostrada como o braço direito e suporte de Aruto, então ao menos crédito ao escritor por não foder com os personagens.

A arte é boa, pena que não salva o roteiro fraco

Se tem uma coisa que a HQ de Zero-One tem de qualidade, é a arte de Hendry Pratseya (Star Trek, Robotech, Power Rangers), que traduz bem os personagens da TV para os quadrinhos. Os cenários poderiam ser melhores, não se pode ter tudo.

Apesar disso, não é o suficiente pra salvar o roteiro sem sal, e Ragnarok tem o design meio genérico pra um vilão, é só um Evil Kamen Rider que no máximo se passa como um rascunho rejeitado de personagem.

Você consegue escrever uma fanfic melhor que essa HQ

Os quadrinhos de Kamen Rider Zero-One decepcionam. A arte é decente (vilão a parte) e mostra bem a ação de algo do gênero, mas o roteiro e a falta de uma conexão com a série em que é baseada, torna a experiência esquecível.

Creio que se você aí que está lendo essa análise, escrevesse uma fanfic com seu Kamen Rider original, seria mais interessante do que o que foi entregue nos quatro volumes de Zero-One. Ao menos pros valores americanos (4 dólares por volume), não é tão caro. Mas é decepcionante.

Nota Final: 4/10