15-Love | Análise da HQ

15-Love | Análise da HQ

22/08/2023 0 Por Geovane Sancini

Estava eu outro dia, num site de HQ’s, lendo as Graphic Novels de Artemis Fowl (ainda não me recuperei totalmente daquela catástrofe cinematográfica que a Disney vomitou um tempo atrás) quando resolvi procurar pela tag “Romance”, e descobri que tem um bocado de coisa velha dos anos 50 e 60 que foi scanneado por pessoas de bom coração, cujas capas vez ou outra vejo sendo tweetadas pelo perfil Pulp Librarian. Ainda não tive coragem de abrir tais histórias, porque eu não sou muito o cara de HQ’s.

Mas, uma delas que apareceu na primeira página me chamou a atenção, primeiro pela arte, que tentava um estilo pseudo mangá, segundo, pela temática de Tênis, porque honestamente, a ideia de um livro com a temática de tênis tem rondado a minha cabeça nos últimos 2, 3 anos, desde que terminei Máscara Ômega em 2019. E finalmente, porque quem publicou a HQ era a Marvel. Sim, a Marvel publicando uma HQ que não era de Super Heróis. É basicamente o equivalente da Atelier Kagura publicar um jogo que não envolva Netorare. Algo que eu achava impossível. Ainda não sei se a Atelier Kagura publicou algo que não envolva Netorare.

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O nome da HQ? 15-love. O que é um trocadilho esperto pra uma HQ de tênis que tem também romance na temática. Mas será que no meio de tanta coisa que a Marvel publicou, essa história vale a pena o seu tempo? Bem… “Peraí, Sancini, você não explicou o porquê de 15-love ser um trocadilho”.

Então, meu caro interlocutor imaginário que uso para estender meu parágrafo, irei respondê-lo com metade de um conhecimento, e como você sabe, saber algo é metade da batalha, então saber a metade de algo, é saber ¼ da batalha.

A pontuação nos jogos de tênis é 0-15-30-40-Game. E se o game estiver empatado em 40-40, um dos tenistas precisa de uma vantagem para depois conseguir o ponto. 6 pontos fecham um set e 2 (ou 3) sets fecham um jogo. E 15-Love, é a maneira que se lê em inglês o 15-0.

O porquê chamam de Love, eu não sei. Mas é um trocadilho esperto. E agora, você está pronto para ler essa análise.

Reprodução: Marvel Comics

Roteiro e Personagens

Escrita por Andi Watson (Alien vs Predador: Xenogenesis, Buffy: A Caça-Vampiros, Hellboy: Weird Tales), desenhado por Tommy Ohtsuka (New Mangaverse, Lords of Avalon: Knight of Darkness) e colorizado por Jochen “Guru eFX” Weltjens (trabalhos demais como colorista da Marvel pra eu conseguir creditar), 15-Love conta a história de Mill Collins, uma garota apaixonada por tênis, que deseja um dia se tornar uma profissional, só que tem um problema… Ela é a última colocada no ranking da Academia de Tênis Wayde.

E a academia tem a tradição de remover a bolsa de estudos das estudantes que não apresentam melhorias dentro de um determinado tempo… O tempo está correndo contra ela, o que ela fará pra se safar dessa?

O problema principal de 15-Love, é que sua curta duração de três edições com cerca de 45 páginas cada, acaba sendo muito pouco pra desenvolver algo que poderia ter sido mais. A história é boa, mas a curta duração deixa o público com aquele gosto de “poderia ter sido mais”. E o roteiro comete uns leves deslizes com relação a algumas regras do tênis, e mesmo no quesito infrações. Se tivéssemos uma história de seis edições, ao invés de três, o roteiro poderia ter sido mais encorpado e ido mais longe.

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A curta duração também prejudica os personagens, que mesmo possuindo personalidades distintas, acabam não indo muito além de uma nota. Não que eles não sejam carismáticos, mas são tropes ambulantes, Mill é a protagonista determinada, Maya é a rival esnobe e invejosa, Poi é a amiga que dá suporte e Walt é o treinador meio desleixado com coração de ouro e etc. Os personagens com pelo menos mais de um trejeito, são a Mill, que é a protagonista, e o Cal, que é o interesse romântico da Mil, que finge ser um bom moço, mas é tão suspeito quanto um feministo. O roteiro ele não tem problemas na história que quer contar, só é curto demais pra dar um desenvolvimento justo aos seus personagens cativantes.

15-Love

Reprodução: Marvel Comics

Arte

As capas de 15-Love foram desenhadas pela falecida artista Sho Murase, responsável pela arte da adaptação em Mangá da série Nancy Drew, da PaperCutz, e são um bom cartão de visitas, mostrando a personagem de maneira chamativa.

A arte de pseudo mangá de Tommy Ohtsuka é bonita, e diferente do que usualmente se vê nas HQ’s da Marvel. Lembrando que 15-Love é de uma época pré-boom das webcomics (quando digo boom, falo a proliferação de sites dedicados ao tema, como o Tapas e o Webtoons, webcomics sempre existiram desde que me entendo por gente, praticamente uma evolução das fanzines), então é tecnicamente um refresco se você não lê mangás.

Cenários e efeitos visuais passam bem o dinamismo de uma partida de tênis, sem ir pro lado shonen gritaria de Prince of Tennis… Agora me pergunto se eu estou falando merda e Prince of Tennis não tinha gritaria shonen, faz anos desde que vi o anime. Que seja.

15-Love

Reprodução: Marvel Comics

Conclusão

15-Love é vítima de sua curta duração e contagem de páginas, porque não é uma série ruim, possui um roteiro decente, bons personagens, ótima arte, mas peca em ser curto.

Por outro lado, ser curto é garantia de que eu posso recomendar, mas até onde minhas buscas me levaram, a HQ não foi licenciada no Brasil (considerando as porcarias que a NewPop, Panini, Abril e outras publicaram aqui, é injusto), então é uma HQ que você deve ler por quaisquer meios necessários.

Nota: 7,5/10