Magical Cat Adventure | O Platformer esquecido que ninguém pediu

Magical Cat Adventure | O Platformer esquecido que ninguém pediu

28/03/2023 0 Por Geovane Sancini

Meu Deus, como se forma frases mesmo? Ah sim, você junta palavras em sentenças que são coerentes umas com as outras. É isso! Enfim, olá aos meus 20 leitores do Arquivos do Woo, Sancini falando depois de quase dois meses sem internet e alguns textos antigos reaproveitados no site, estou aqui pra trazer material inédito, escrito por mim. Sim, eu sei, ninguém pediu. Sim, eu sei que sou gordo. Sem mais delongas…

Nós falamos hoje em dia da quantidade de jogos, sejam indies, AA ou AAA, que saem todos os dias, todas as semanas nas diversas plataformas online, e é humanamente impossível acompanhar tudo que sai. Diabos, eu não lembrava que o remake de Resident Evil 4 sairia agora em março, mesmo tendo sido alardeado há um bom tempo que sairia em março, mas a falta de acesso a internet meio que me deixou isolado de tudo.

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Só que essa loucura de não saber sobre todos os lançamentos não é algo necessariamente novo, porque por mais que nos anos 90 tivéssemos revistas de jogos, nem eles eram capazes de acompanhar TUDO que saía em todas as partes do globo. Então muitos lançamentos, mesmo de produtoras como a Sega, Capcom, Konami ou Taito, passavam batidos pelo público, seja porque eram jogos exclusivos de fliperama, ou porque ficavam somente em uma região (curiosamente a pirataria diminuiu um pouco isso pro publico brasileiro, porque não era incomum termos fitas piratas de jogos que só saíram no Japão, por isso jogamos Magical Quest 3 nos anos 90 e os americanos não).

E também haviam vezes que uma produtora aparecia, lançava um único jogo, largava uma bomba de fumaça e nunca mais era vista, e esse jogo ficava perdido nas páginas da história, até a emulação levá-lo a um público maior. Esse foi o caso da Wintechno.

Se você nunca ouviu falar na Wintechno, sem problemas, eu também não, até jogar este jogo. Até porque, uma busca por Wintechno revela uma empresa japonesa que fez SOMENTE UM JOGO, apesar de ter sido fundada para criar e distribuir arcades. Hoje em dia ela distribui equipamentos eletrônicos na área de informática, como monitores, e coisas assim, muitos produtos na área médica. E é sobre esse jogo que falaremos hoje, Magical Cat Adventure, um jogo que se não fosse o trabalho preservacionista dos desenvolvedores do MAME, poderia ser considerado um jogo perdido que talvez tivesse sido lançado no Amiga. Será que ele vale seus créditos? Venha comigo e descubra.

Reprodução: Wintechno

Um gato que está em busca de algo

Como vocês estão cansados de saber, eu geralmente uso a primeira parte pra dissecar qualquer coisa que se assemelhe a uma história, que o game possui, só que Magical Cat Adventure não possui nada. Como não é um jogo de console, nem ao mesmo informações do manual que possam ser consultadas. Então vou inventar algo aqui tirado do meu cu e ver se funciona.

Um dia, um gato chamado… Puts, nem nome o bichano tem, deixa eu pesquisar um nome de gato aqui… Tom, Simba e Mingau são famosos, então… Fred. Isso, o personagem do jogo se chama Fred. E por “parível que incresça”, Fred é um dos dez nomes mais comuns de Gato, ao menos aqui no Brasil, então Fred será nosso herói hoje. Enfim, Fred, em seus planos de dominação global usando os humanos, estava lá de boa na lagoa, curtindo a vida, como todo bom bichano. Até que um dia, vilões da nação de NÃOTEINTERESSA atacaram a vila que ele vive por… Motivos… Eram os anos 90, vilões atacavam vilas sem motivo ou sequestravam mulheres. Levou tempo até os vilões quererem imitar Donald Trump por motivos de produtores políticos demais.

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Enfim, puto porque os NÃOTEINTERESSAIANOS interromperam o episódio de Sailor Moon durante o ataque (Nosso amigo Fred tem um Crush na Luna), Fred resolve sair numa rompante de violência platformer em busca de vingança e quem sabe alguns novelos de lã ou latas de sardinha no caminho…

Sim, ficou uma merda minha descrição, mas eu tirei do cu, lembra? O fato é que não temos nada que possa ajudar a montar uma pseudo narrativa, o que é esquisito, porque até mesmo jogos que foram cancelados, como Recalhorn, da Taito, possui um fiapo de narrativa, com alguns diálogos e pequenas cutscenes. Sim, há uma diferença entre a Taito, uma gigante dos Arcades, e uma empresa que havia sido fundada UM ANO antes do lançamento desse jogo. Mas ei, eu tenho que fazer minhas piadas e textos. Oi, Geovane de 20 minutos depois de escrever esses quatro parágrafos falando aqui. O jogo tem uma historinha, mas ela ficou confinada na versão japonesa do Arcade, mas foi cortada da versão ocidental. Vai entender.

Magical Cat Adventure

Reprodução: Wintechno

Parece um platformer Europeu, mas não é

Se você joga jogos antigos, e já teve curiosidade de ir e jogar jogos de plataformas como o Commodore 64. ou o Amiga, ou até mesmo o MS-DOS, deve ter ouvido falar no termo Euro Platformer, são platformers que possuem alguns elementos em comum, e até mesmo podem ser chamados de vícios de design, que incluem “Ter que coletar todos os itens da fase”, “Usar o direcional pra cima pra pular”, “Deixar o botão de pulo apertado fará o personagem pular repetidamente”, “A tela só scrolla quando você tá 3/4 ou mais da tela na direção que quer ir”, “Inimigos que atacam offscreen e te acertam (e combinado com o item anterior, causam mortes a rodo)”, “Dificuldade elevada por conta dos itens anteriores”. Tem outras coisas que classificam um jogo como um Euro Platformer, mas não estou lembrado.

Por alguma razão, Magical Cat Adventure me passa a vibe de um Euro Platformer, mesmo não tendo os vícios de design de um. Nosso amigo Fred tem 3 vidas por continue e uma barra de energia pra passar de seis fases que são até grandes, e o design delas é decente, permitindo as vezes momentos de velocidade gotta go fast, mas também com momentos que exigem um pouco de habilidade nos saltos. Em termos de controles, o jogo está próximo de um Run and Gun, já que você ataca os inimigos com projéteis, que são encontrados em baús espalhados pelas fases, mas cuidado, os baús, por algum motivo, lhe causam dano.

As armas são variadas, com algumas sendo mais efetivas que outras. Apesar de ser um jogo de fliperama, ele não tem a tendência papa-ficha que usualmente vemos em jogos do gênero (platformer), só ver o quão desgraçada é a versão de arcade do Alex Kidd: The Lost Stars, por exemplo. Magical Cat Adventure é generoso com refills de energia, vidas extras e quando você continua, não é muito longe de onde você morreu.

Obviamente, como jogo de Arcade, não é muito longo, com um playthrough ficando na casa de quarenta, ou cinquenta minutos, se você for um pereba em platformers. Mas usualmente, leva menos tempo.

Magical Cat Adventure

Reprodução: Wintechno

Cenários coloridos, inimigos simpáticos… E o Bubsy?

A primeira coisa que você se pergunta ao ver uma screenshot de Magical Cat Adventure é… Isso é um jogo de arcade do Bubsy? Porque o nosso amigo Fred é um tanto parecido com o mascote da Accolade, só que Magical Cat Adventure é um jogo bom. Fora isso, você tem os cenários clichês de platformers de mascote, como florestas, castelos, cavernas com lava, um navio pirata, os céus. Nada que você não tenha visto nas centenas de jogos de plataforma da época.

Os cenários até são bonitos e detalhados, mas não é nada que chame a atenção pela criatividade ou loucura (pego como exemplo, PuLiRuLa e Parodius, que se não tivessem injetado loucura criativa nos mesmos, seriam um beat’em up mediano e mais um jogo da série Gradius, respectivamente). Os inimigos até que são simpáticos, até mais bem feitos que nosso amigo Fred que vai precisar de terapia pois começou a desenvolver síndrome de impostor ao achar que é o Bubsy, depois de tanto ser comparado a ele.

Sonoramente ele é… Ok. Novamente, nada que chame muito a atenção, mas nada que ofenda seus ouvidos.

Magical Cat Adventure

Reprodução: Wintechno

Quem pediu por esse jogo?

Eu poderia jurar que Magical Cat Adventure era o resultado de uma aposta perdida, onde o perdedor teria que lançar um jogo pra fliperamas. Não que seja um jogo ruim, longe disso, de um ponto de vista técnico e de controles, Magical Cat Adventures é um bom jogo. Ele só não tem nada que chame a atenção pra ele, num gênero que nos anos 90, especialmente em 93, estava saturando, com cada produtora tentando sua perspectiva.

Se tivesse sido lançado para o SNES ou Mega Drive (ou até mesmo PC-Engine), ele teria uma chance de se tornar uma daquelas pérolas ocultas do respectivo console para o qual foi lançado, mas como ficou no fliperama, ele é um daqueles títulos que tu topa por acaso quando decide baixar algo pra jogar no Mame.

Vale a pena jogar, mas ao mesmo tempo, não perderá nada ao não jogá-lo.