Road Rash 64 | Retro Review

Road Rash 64 | Retro Review

05/03/2023 0 Por Geovane Sancini

Transição 2D-3D. Hoje em dia é algo considerado normal e até inovador em algumas franquias, pela mudança de perspectiva e visão, mas nos anos 90 era motivo de medo. Muitas franquias clássicas tentaram o 3D, como Contra, Castlevania, Metal Gear, Sonic, Mario, Mega Man, Top Gear, F-Zero entre outras e os resultados variam entre espetabuloso (Metal Gear Solid), Meh (Mega Man Legends) e Diarreia Abissal (Castlevania 64), inclusive algumas franquias hoje em dia sequer existem.

Mas bem, entre essas franquias estava Road Rash, que começou modesta no início da década com o primeiro jogo do Mega, e suas duas sequências (além do jogo de Sega CD). No 3DO, a franquia começou a ensaiar a ingressão ao 3D com o Road Rash, que usava cenários tridimensionais, porém usava de sprites.

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O jogo ganhou adaptações pra PC, Saturn e PS1. Tempos depois, a EA ingressou no PS1 com Road Rash 3D em 1998 que era mais Road do que Rash já que muitas corridas terminavam sem sequer um soco trocado, porém o jogo era razoavelmente bom.

Em 2000, também no PS1, a despedida da franquia com Road Rash Jailbreak que tinha mais porradaria, mas escorregava (e feio) na pista, com uma dirigibilidade difícil (imaginem jogar futebol de sabão, era parecido com isso). A coisa foi consertada na adaptação portátil do GBA, cujo problema é a pouca quantidade de pilotos. E em 1999, a EA entregou nas mãos da THQ a versão do Nintendo 64 de Road Rash… E bem, veremos como ela se sai, não é

Reprodução: Internet

Socando oponentes rumo a vitória

No primeiro parágrafo do review, eu costumo fazer uma sumarização do roteiro do jogo. Coisa que inexiste em Road Rash 64, então, antes que alguém estranhe porque o jogo está nas mãos da THQ, se você é um desocupado como eu, provavelmente deve saber que a própria EA já havia encarregado a THQ algumas de suas franquias clássicas como NBA e NHL nas últimas edições do SNES e do Mega, e o trabalho dos estúdios da THQ até que fora competente em ambas (NHL 98 é ótimo), então, continuemos a análise.

O jogo tem basicamente três modos normais, Thrash, aonde você escolhe uma pista e uma moto (baseados no seu save) e joga pela zuera mesmo, o Multiplayer, que permite que você e mais 3 amigos barbarizem nas pistas (que são 55. Curtas, mas 55 ainda assim), e façam outras babaquices em outros modos de jogo e o Big Race, que segue a estética padrão da série, que é, vença as corridas, ganhe dinheiro e compre uma moto nova até o final.

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Quando se compra determinadas motos, é oferecida uma trégua com uma das gangues do jogo mediante o pagamento de uma taxa, o que facilita em algumas corridas, pois a quantidade de gente que quer fazer você de carne moída cai pela metade. Ou você pode seguir solo e tentar evitar ser linchado. O jogo tem ainda alguns outros modos secretos desbloqueáveis, o que prolonga a vida útil do jogo.

O jogo mantém a pegada dos jogos bidimensionais da série ou até em escala maior, já que a porrada come o tempo todo durante a corrida. Apesar de ter apenas uma arma (trocada a cada estágio novo ou achada durante as provas), não pense que será tedioso, já que os pilotos ficam compactados numa massa e a diferença entre o primeiro e o último pode chegar a menos de um segundo. A taxa de quadros do jogo raramente cai e a jogatina é fluída, com controles que funcionam. O jogo também nos ensina a não desistir, enquanto que nos RR de Mega Drive, cair era uma punição que resultava em um longo período de recuperação de posições, aqui a queda é algo corriqueiro e até engraçado de se ver, devido a física extremamente exagerada do jogo.

Não é incomum você ver um piloto bancando o Superman, até mesmo te ultrapassando após capotar. E acredite, isso torna o jogo ainda mais divertido.

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Jogo feinho, mas consistente

O ponto fraco do Road Rash 64 são os gráficos. Sério, as texturas são em baixa resolução, os cenários tem muito daquela névoa típica da geração 32/64 bits, além de serem repetitivos. A coisa melhora um pouco quando se usa o Expansion Pak do 64, a custo de uma queda na taxa de frames.

Eu acho que a escolha gráfica foi positiva pro jogo num geral, mas não é a toa que o jogo não é muito lembrado, já que os gráficos são o cartão de visitas de um jogo.

Sonoramente, o jogo é meio termo. Apesar de utilizar boas músicas licenciadas na trilha, elas são poucas e não estão completas como em Road Rash 64. Os efeitos sonoros e vozes (“unhs” e tudo mais, além de algumas falas dos policiais) estão bons, e o ronco do motor que embala a maior parte de sua jornada, é agradável.

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Concluindo, jogue Road Rash 64

Finalizando, Road Rash 64 foi a prova de que a franquia tinha potencial para brilhar em 3D, desde que posta nas mãos certas. Os gráficos podem não ser os melhores do 64, mas se a EA tivesse bolas de continuar com a franquia na época, era este time que deveria explorar a geração seguinte (PS2/Xbox/GC). Enfim, para ajudar ainda menos na popularização do jogo, a Playtronic (distribuidora dos jogos de 64 no Brasil) não trouxe o RR 64. Uma pérola perdida que é boa de se encontrar.