The Knight Witch | A Cavaleira Bruxeira

The Knight Witch | A Cavaleira Bruxeira

07/12/2022 0 Por Geovane Sancini

Dessa vez não vou começar o texto com nenhuma história engraçadinha (acho), mas começarei com uma confissão: Eu… Não gosto tanto assim do Castlevania Symphony of the Night. Ótimo jogo, mas nunca ressoou comigo como aconteceu com tanta gente ao longo dos anos. Talvez por eu não ter tido um PS1, ou jogado na época em locadoras, então o jogo não me passa aquela vontade de jogar. O que é esquisito, porque ao longo dos anos eu passei a gostar de Metroidvanias, ainda que eu seja incapaz de jogar um Metroid.

Agora que eu já angariei o ódio das comunidades de Castlevania e Metroid em um só parágrafo, a maioria de vocês deve saber que eu adoro shooters, seja vertical, ou horizontal, eu adoro os jogos de navinha. Eu sou ruim na maioria deles, mas sempre curti a atmosfera e o desafio deles. E os shooters evoluíram quando aumentaram exponencialmente o numero de projéteis, criando o sub gênero bullet hell, com jogos como Dodonpachi, Radiant Silvergun e Giga Wing (dentre outros), capitaneando o gênero nos anos 90, além da série Touhou que desde seu começo humilde no PC-98, se tornou um fenômeno da internet.

E a junção desses dois gêneros, não é algo necessariamente novo, já que existem até spin-offs metroidvanias de Touhou (Double Focus e Luna Nights me vem a mente) que colocam conceitos de bullet hell dentro da estrutura de um metroidvania, além de shooters que utilizam o foco de exploração como um metroidvania, como Moo Lander, lançado esse ano (e provavelmente devem ter outros que não me lembro).

Mas isso não impediu o Super Awesome Hyper Dimensional Mega Team (segundo melhor nome de desenvolvedora, depois de Team Ninja) de fazer sua contribuição com o gênero, mesclando bullet hell e metroidvania em um singelo título que chegou agora no começo de dezembro ao PS4/PS5/Xbox One/Xbox Series (e tinha saído no finzinho de novembro no PC e Nintendo Switch), chamado The Knight Witch. Será que ele agrada, ou se perde em meio a falhas grotescas?

Reprodução: Team17, Super Awesome Hyper Dimensional Mega Team

Defendendo o seu lar e sendo relações públicas

Estamos no papel de Rayne, uma Cavaleira Bruxa (ou seria Bruxa Cavaleira? Pra efeitos da piada desse review, jogamos em inglês, mas o jogo está disponível com localização em português brasileiro) que precisa salvar o seu lar e descobrir quem é o responsável pela invasão dos Golens de Guerra.

E não apenas isso, mas ela também precisa a cada missão, relatar o que aconteceu, como uma espécie de relações públicas. Ela pode ser completamente honesta sobre o que está acontecendo, ou pode contar algumas mentiras aqui e ali para manter a moral da população alta. Em teoria isso é uma boa ideia, mas que na prática, o jogo segura na sua mão meio que apontando quais respostas das coletivas de imprensa dão mais pontos de experiência. Porque o apoio da população lhe dá pontos para desbloquear melhorias, então é… A honestidade nem sempre é a melhor escolha.

Ainda assim, esse não é o maior defeito do jogo, mas sim o fato de que apesar de (de acordo com o jogo) Rayne ser uma mulher casada de 35 anos, ela age como uma adolescente, e isso meio que acaba contrastando com a seriedade da situação. É meio que uma mania de produções modernas quererem ser “Marvel” com piadinha piadinha piadinha.

Eu entendo a necessidade de as vezes você usar do humor pra aliviar uma situação tensa, mas precisa ser bem dosado.

Reprodução: Team17, Super Awesome Hyper Dimensional Mega Team

Deckbuilder? Bullet Hell? Metroidvania? Que tal os três.

Dificuldade em jogos é uma parada totalmente subjetiva. Porque eu vi MUITA GENTE dizendo por exemplo que Nioh era mais difícil que Dark Souls e isso e aquilo. Só que eu não tive dificuldade nenhuma de entender como Nioh funciona e me adequar corretamente aos controles. Mas como não é de Nioh que estamos falando (e sim de The Knight Witch), vamos a como funciona o jogo. Os controles funcionam quase como um Twin Stick Shooter, com o controle de Rayne no analógico esquerdo e a mira no analógico direito. Mas caso queira, pode ser usada uma mira automática que pode quebrar muito o galho.

O jogo possui um sistema simples de construção de baralhos (eu disse baralhos) com habilidades diferentes que podem ser assignadas em botões diferentes. Uma parte divertida é você testar quais habilidades vão se adequar melhor ao seu tipo de jogo. Não é um sistema profundo, como em jogos com maior foco em deckbuilding, mas para um completo imbecil como eu, dá pra brincar legal.

Para um Metroidvania, na maior parte do tempo, The Knight Witch é um tanto linear, mas ainda assim, você vai precisar ficar na ponta dos pés, porque como bullet hell, não vão faltar projéteis pra tentar te matar, e isso vai testar seus reflexos. Em especial nos chefes (destaque aqui pro chefe do final verdadeiro que pode causar algum rage.).

Em termos de duração, se você for fazer o final verdadeiro, o jogo deve durar umas seis, sete, talvez oito horas. E considerando o sistema de deckbuilding, garanto que o jogo tem um bom fator replay. E aos jornaleiros da internet que tão reclamando da dificuldade do jogo: GIT GUD.

Reprodução: Team17, Super Awesome Hyper Dimensional Mega Team

Maravilindamente bonito graficamente

Graficamente, The Knight Witch é fabuloso. Os cenários são maravilhosamente construídos e vibrantes, com detalhes em diversos pontos. E os personagens são bem desenhados e animados, e os retratos deles e aparência em cutscenes, são de uma qualidade ímpar.

A trilha do jogo, composta por Damian Sanchez (Temtem, Immortal Redneck, Rise and Shine) é bastante diversa, com instrumentais variados, passando climas e emoções diferentes. Battle of the Broken Sky, que abre a trilha do jogo começa com violinos agitados, até que passa a melancolia que leva a um crescendo no fim da musica é um bom exemplo. Mas não apenas isso, Robyn’s Day é uma melodia calma que usa instrumentos de sopro pra transmitir esse sentimento, enquanto que Hall of Giants é uma melodia que passa um sentimento de grandeza com instrumentos de corda (violão e guitarra) e por aí vamos.

Também destaco Golem Army, que passa um clima de perigo iminente, o tema vocal The Knight Witch Tales (com a performance da cantora Greta G.) é belíssimo, e eu poderia ficar um tempão falando da trilha sonora, mas cacete, é uma trilha boa pra caralho.

Reprodução: Team17, Super Awesome Hyper Dimensional Mega Team

Você está a altura do desafio?

The Knight Witch não é um jogo perfeito, ele falha em alguns aspectos da narrativa, e poderia ter ido mais a fundo nos elementos que possui, mas é competente o suficiente para você querer ir até o final. Tem muito potencial pro futuro, se quer saber minha opinião.

The Knight Witch está disponível para PC, Nintendo Switch, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X|S, e a análise foi feita com uma cópia digital para Playstation 4, fornecida gentilmente pela Team17.