Trifox | O potencial está aí

Trifox | O potencial está aí

30/11/2022 0 Por Geovane Sancini

Nesses anos todos em que jogo videogames, um gênero que eu nunca fui lá muito fã, é o de platformers com visão isométrica, já que sempre era difícil medir a precisão de pulos. E twin-stick shooters nunca foram a minha praia, não sei por quê. Mas… E se juntássemos isso ao clima de platformers dos anos 90/começo dos anos 2000?

Bem, essa é a ideia do estúdio belga Glowfish Interactive, que até então, auxiliava em projetos externos de outros estúdios, mas que agora misturou Platformer Isométrico com Twin-stick shooter e adicionou o clima dos jogos de mascote que tínhamos em abundância no fim dos anos 90/começo dos anos 2000 (e que citei na minha análise de Kao the Kangaroo) em Trifox, seu primeiro projeto.

Mas no mundo dos jogos, com dezenas de lançamentos toda semana, será que Trifox se sobressai, fica no meio do caminho pra ser comprado em uma promoção, ou falha do tipo “deleto de meu console e não falamos mais nisso”? Bem, confira a análise para saber.

Reprodução: Glowfish Interactive, Big Sugar Games

Roubaram meu controle remoto

Não, eu não estou brincando, fazendo uma piada pra disfarçar a falta de roteiro ou tirando do meu cu. Essa é a premissa de Trifox. Está lá o nosso “herói” em casa, assistindo alguma coisa de boa na TV, enquanto que por alguma razão (não sei, talvez revoltados com o final bosta de “She-Hulk”, ou furiosos com a série meh que é “Anéis do Poder”), o couro está comendo na vizinhança.

Quando ele sai de casa brevemente para ver qual é a treta que está rolando, ele leva uma pancada na cabeça no melhor estilo Chaves (só faltou o efeito sonoro) e cai desacordado. Ao voltar para dentro de casa, ele descobre o horror: ROUBARAM O CONTROLE REMOTO DA TV (que estranhamente só possui UM BOTÃO), e agora ele não poderá mais assistir as reprises de Maria do Bairro no SBT ou o Datena na Band, ou a 38ª temporada de Malhação com adolescentes de 30 anos.

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Claro que isso poderia ser resolvido se ele gastasse uns 30 reais em um controle remoto novo no camelô (talvez até mais barato, eu não sei quanto custa), mas ele resolve fazer o mais difícil, ir atrás dos responsáveis e resolver tudo na base da justiça, liberdade e democracia (o popular tiro porrada e bomba).

Sim, eu estiquei a premissa boba de Trifox, porque um jogo assim não necessita realmente

de algo elaborado. Claro, que se um jogo de plataforma simples tiver uma história um pouco mais elaborada, vai ser legal, mas não ter essa história elaborada, não é necessariamente um demérito. Dito isso, a desculpa que temos pra jogar Trifox é válida como qualquer outra (diabos, o Bubsy saiu atrás dos inimigos porque roubaram um novelo de lã dele no jogo de 2017).

Reprodução: Glowfish Interactive, Big Sugar Games

Tem potencial na jogabilidade

Primeiro de tudo, Trifox não é um jogo longo. Caso você vá fazer uma jogatina casual, seu tempo com o jogo pode ir de 3 a 6 horas, dependendo do quanto você domina o jogo. Dito isso, comecemos pelo principal ponto negativo da jogabilidade, a velocidade do protagonista. Trifox é LENTO, porque ele parte numa velocidade baixa para ir gradativamente aumentando, mas demora demais. Não é como (pegando exemplo com o mesmo princípio), o Sonic no primeiro jogo. Isso pode ser contornado parcialmente com algo que mencionarei mais adiante, mas temos que levar tudo em consideração. Outro ponto baixo, é que o jogo oferece (de certa forma) um auxílio nas seções de platforming, que é uma retícula circular que indica onde o seu personagem vai cair, semelhante a de Crash Bandicoot 4, só que a retícula em Trifox é de um cinza quase translúcido que fica difícil de enxergar, podendo causar alguns erros de salto.

Um dos trunfos da jogabilidade de Trifox, é o sistema de classes. O jogo possui três classes para você jogar, Lutador, com golpes de curto alcance e combate mano a mano, Mago, com magias a distância, e Engenheiro, com equipamentos e armas de fogo para lhe ajudar. Não somente isso, já que as classes são só no papel, pois você pode fazer uma salada mista com os upgrades diferentes de cada classe para se adequar ao seu estilo de jogo. Juntar as armas de fogo com o aumento de velocidade dado por uma habilidade do Lutador? É possível. Claro, que nem tudo é necessariamente balanceado, e uns ataques serão mais poderosos e convenientes que outros, mas é bom ter opções para se escolher e lutar como quiser.

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Como eu disse, o jogo mistura platformer isométrico com shooter twin-stick e assim será a sua visão durante o jogo. Você possui três mundos a princípio, cada um contendo três fases e um chefe. As fases misturam esses dois elementos, com seções de plataforma relativamente simplistas, onde a câmera isométrica não atrapalha, e lutas contra vários inimigos em onda, onde é necessário um pouco de paciência pra não morrer facilmente, e certa adaptabilidade, pra usar os ataques mais efetivos contra inimigos. E entre esses momentos , temos alguns puzzles a serem resolvidos, mas não são tão complexos, qualquer pessoa consegue resolvê-los sem problemas.

A dificuldade de Trifox é crescente, mas não chega a ser injusta. Claro, muitas vezes as ondas de inimigos vão drenar sua vida mais rápido que francês fugindo de banho ou o Tony indo arrumar confusão no twitter, mas ao mesmo tempo, um abismo não vai te matar, contanto que você tenha vida sobrando, e ainda assim, quanto menos vida você tiver, maiores as chances de inimigos droparem energia extra para lhe ajudar. O chefe final vai te deixar puto da vida porque é difícil? Talvez. Mas ainda assim, com prática e determinação, nenhum boss será páreo para você.

Reprodução: Glowfish Interactive, Big Sugar Games

Razoavelmente decente na parte audiovisual

Trifox é um jogo bonito, apesar de Lowpoly não ser meu estilo gráfico favorito. Os modelos do jogo, apesar disso são decentes, e os cenários são, apesar de simples, espetaculares, com efeitos de iluminação e ambiente bem aplicados.

As músicas do jogo ficam nessa mesma coisa, podem não ser as mais memoráveis do mundo, mas servem ao propósito do jogo.

Uma das coisas que no lançamento foi criticada (O jogo saiu mês passado para as outras plataformas, chegando ao Playstation na semana passada), foi a performance do jogo no Switch em específico, onde a taxa de frames cai razoavelmente se há muitos inimigos na tela.

Patches foram prometidos e até feitos com correções de bugs e outras melhorias, mas tudo depende obviamente do processo de aprovação das fabricantes de consoles.

Reprodução: Glowfish Interactive, Big Sugar Games

Potencial para franquia

Para um primeiro jogo, Trifox é bom. Tem falhas em balanceamento, dificuldade e outras coisinhas, mas é melhor que muita coisa ruim que sai toda semana nas lojas online. Numa promoção, eu recomendo.

Trifox está disponível para PC (via Steam, GOG e Epic Games Store), PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox One e Xbox Series X|S.

Essa análise foi feita com uma cópia digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela Big Sugar Games.