Silent Hill | Esqueçam aquela continuação intragável em 3D

Silent Hill | Esqueçam aquela continuação intragável em 3D

17/09/2022 0 Por Diogo Batista

Essa deve ser a terceira vez que tento reescrever um antigo texto de 2017 sobre a duologia Silent Hill, de quando ainda usava o blogger. Mas acho que agora consigo sintetizar melhor os meus sentimentos quanto ao segundo filme, de modo que não soe tão raivoso quanto o texto original.

Comecemos pelo fato de que eu adoro Terror em Silent Hill. É um filme que assisti por diversas vezes e, continua muito bom até nos dias de hoje.

Enquanto os filmes atuais se beneficiam de recursos tecnológicos que permitem a produção de filmes quase todo feito em CGI e fundo verde, o terror que o diretor Christophe Gans levou a Silent Hill se destaca ainda mais devido aos recursos criativos que possibilitaram criaturas terríveis e criveis na telona – Quem teve a oportunidade de conferir os extras do DVD sabe do que estou dizendo, mas se não viu, então confira aqui.

Na verdade acho que vale a pena discorrer um pouco sobre o diretor Christophe Gans, pois ele é uma figura importante aqui.

Terror em Silent Hill

Reprodução: YouTube

Começando com o diretor

Christophe Gans tem experiência no gênero horror e sabe lidar com orçamento modesto, sempre driblando as limitações de forma criativa. Ele tem em seu currículo alguns filmes que deixam isso bem claro, entre eles uma adaptação cinematográfica dos contos de Lovecraft: Necronomicon (1993), onde dirigiu o conto “The Drowned”. Esse filme conta com uma das cenas mais perturbadoras da minha infância, que é o homem derretendo.

Deixando o horror de lado, temos o filme Lágrimas de um Guerreiro (1995), uma adaptação do mangá Crying Freeman de Kazuo Koike. Gans mais uma vez dirige e escreve o roteiro da obra. É a partir daqui que Gans começa a trabalhar com o ator porradeiro Mark Dacascos, que dá vida ao assassino chorão. Também marca a parceria com Samuel Hadida que o coloca a frente dos filmes que viria a produzir anos depois: O Pacto dos Lobos (2001) também com Mark Dacascos, e enfim Silent Hill (2006).

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Quanto ao papel do Samuel Hadida nessa história, bem, ele produziu uma infinidade de filmes, mas se fosse destacar algo, provavelmente seria as horrorosas adaptações de Resident Evil e o Silent Hill: Revelações em 3D. Por outro lado, Christophe Gans é um grande fã de vídeo games e partiu dele a iniciativa de produzir um filme sobre Silent Hill:

“Na verdade, na verdade, joguei o primeiro (Silent Hill) cinco anos atrás e estava no meio do jogo quando liguei para Samuel e disse: ‘Sabe, temos que fazer um filme dele.’ Então, passamos cinco anos para falar sobre esse filme e  que foi muito longo alcançar o povo da Konami e os convencê-los de que faríamos algo muito fiel ao jogo, porque o time de Silent Hill é um time de três ou quatro caras e eles são muito, muito conscientes sobre o que eles alcançaram. E eles não queriam que ninguém estragasse seu trabalho. Então foi um longo trabalho convencê-los a aceitar que faríamos o filme com muito cuidado.”

Terror em Silent Hill

Reprodução: Internet

O terror que rasteja em Silent Hill

Ainda sobre efeitos especiais de Terror em Silent Hill, vale a pena dedicar um paragrafo a uma das criaturas do filme, pois se existe algo que realmente nos pega na obra é o fato de que as criaturas que surgem realmente causam desconforto e medo, principalmente daqueles que desconhecem a obra original.

Como não temer e sentir nojo da criatura que o zelador  Colin se torna, talvez uma das criaturas mais asquerosas do longa.

Colin foi interpretado por Roberto Campanella, que também interpreta o famoso Pyramid Head, mas que sem querer acabou nos entregando uma criatura muito mais aterrorizante. Com os pés amarrados com arame a cabeça  e arrastando o órgão sexual no chão, Colin rasteja pelos corredores da escola de Silent Hill sem conseguir ver a onde vai, emitindo um som que mescla prazer e dor enquanto movimenta a língua de forma sexual e incontrolada.

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A criatura não tem tanto tempo de tela, aparece em situações bem pontuais. No primeiro momento o vemos seu corpo contorcido e preso por arames dentro do banheiro e com uma nota dentro da boca. Na segunda aparição descobrimos que Colin, o zelador, abusou sexualmente de Alessa ( Se reclamar de spoiler, vou mandar a merda) e na terceira o veremos se rastejando e evocando creepers.

Isso nos leva a um ponto importante: Colin foi criado para o filme com base em um cadáver que o diretor Christophe Gans se deparou enquanto jogava o primeiro titulo. Esse é um daqueles raros casos em que enxergamos como é importante conhecer o material em que você está trabalhando.

Diferente de Resident Evil que usa do material existente e ainda entrega uma atrocidade. Tal como as adaptações do Uwe Boll (Salvo a adaptação do “Postal”, esse é bom`).

Reprodução: Internet

O tempo destrói tudo

Mas não é o caso de Terror em Silent Hill que mesmo após 16 anos, seus efeitos especiais transparecem bem pouco a idade, dando conta do recado graças aos cuidados da produção com cenário e iluminação, que permitiu cenas como a transição de mundo real para o mundo sombrio não ficarem feias.

Ou a cena inicial que remete ao início do primeiro jogo, que é inclusive um dos meus momentos prediletos no filme,  onde temos Rose lidando pela primeira vez com criaturas que só Silent Hill poderia proporcionar. E falando sobre Rose, a protagonista do filme.

Trocar Harry pela Rose não afetou em nada a trama, isso porque ela só teve a ganhar ao explorar o elo entre mãe e filha. O que foi um excelente contraponto, visto que Dahlia é uma figura atormentada por não ter tido forças o suficiente para proteger sua filha Alessa.

Reprodução: Internet

Então chegamos ao derradeiro final

Aquele momento em que o filme precisa acabar e as respostas precisam ser dadas, e aqui o filme brilha novamente ao entregar a vingança que ansiamos desde o momento em que descobrimos toda a verdade sobre Silent Hill. Somos brindados com um banho de sangue que dá gosto de se ver.

Coprotagonistas são mortos, infelizmente, mas morrem para nos mais uma vez durante o longa de que, as vezes o mal maior não está no sobrenatural mas sim em nós mesmo.

Com um desfecho mais do que satisfatório no primeiro filme e com quase todos os pelos do corpo devidamente eriçado, eu salivava por uma sequencia. Precisava descobrir o que houve com Rose, o que seria de Silent Hill a partir de agora?

Bem, a resposta veio e sendo bem franco e direto com todos vocês: Esqueçam aquela continuação intragável em 3D. Esqueçam a Alessa fã da banda KISS.