Ultraman Decker | Primeiras Impressões

Ultraman Decker | Primeiras Impressões

21/08/2022 0 Por Geovane Sancini

Eu nunca fui muito chegado em Ultraman na questão de tokusatsus, provavelmente porque pelo menos em termos de exibição no Brasil, o que havia passado da era clássica de Ultraman (Ultraman, Ultraseven e Retorno de Ultraman) passaram originalmente aqui muito antes de eu assistir Tokusatsu com regularidade, e apesar de ter assistido um pouco de Tiga e até gostado da série, nunca fui muito além.

Outro fator, é que eu nunca fui muito fã da coisa de luta de gigantes e tal, dá pra contar nos dedos de uma das mãos do Lula a quantidade de filmes do Godzilla que assisti, e ainda sobrariam dedos. Eu até tenho aqui o filme Ultraman: The Next que a Focus lançou em DVD, mas mesmo tendo o DVD, eu nem assisti.

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Esse primeiro parágrafo, foi basicamente eu dizendo que sou um completo leigo nas questões dos gigantes cinzentos da Tsuburaya. E apesar dos lançamentos de alguns filmes isolados em home-vídeo (não lembro quais foram lançados aqui no Brasil), as séries de Ultraman ficariam como as de Kamen Rider* e Super Sentai, confinadas ao Japão e os que quisessem assistir, dependentes do trabalho de fansubs.

*Em termos de Kamen Rider, isso mudou, já que a Sato Company detém os direitos de exibição da franquia Kamen Rider para a América Latina, e já temos aqui no Brasil com legendas em português, Kamen Rider Black, Black-RX e Zi-O, com a próxima série prometida sendo Kuuga

Só que já há algum tempo, a Tsuburaya, que possui executivos mais inteligentes que os da Toei, decidiu investir no público de Tokusatsu que está fora do Japão, não só com parcerias com a Marvel (nas HQ’s The Rise of Ultraman, The Trials of Ultraman e a vindoura The Mystery of Ultraseven) e a Netflix (para a distribuição do anime de Ultraman), como também disponibilizando muito material de Ultraman em seu canal do Youtube, com legendas em diversas línguas, incluindo português.

Hoje em dia, é possível assistir especiais, como a minissérie Ultra Galaxy Fight: the Absolute Conspiracy, ou séries recentes, como Ultraman Z e Ultraman Trigger: New Generation Tiga no conforto de seu lar, sem depender do trabalho de fansubs (ei, eu sei como é cansativo traduzir) e sem gastar um tostão sequer.

E agora, em Julho de 2022, estreou a mais nova série de Ultraman, que assim como Trigger celebrou os 25 anos de Tiga, Ultraman Decker é a série que comemora os 25 anos de Ultraman Dyna. E esse texto conta mais ou menos minhas impressões iniciais da série (no momento em que escrevo esse texto, 4 episódios foram exibidos, com o quinto a ser exibido mais tarde – Eu provavelmente postarei 2 ou 3 screenshots do episódio no meu twitter enquanto assisto).

Reprodução: Tsuburaya

A série se passa sete anos depois dos eventos de Ultraman Trigger: Episode Z (o filme de Trigger), contando a história do jovem Kanata Asumi, que trabalhava numa lojinha com seu avô, e seus pais estavam em Marte, curtindo umas curtas férias que ganharam em um sorteio. Após fazer uma entrega, um monstro gigante (claro) surge, e esferas verdes começam a atacar as pessoas.

Coisas acontecem, e após ser engolido por uma dessas esferas, Kanata é salvo por uma luz que se funde a ele, se tornando o Ultraman Decker. Pouco após esse evento, Kanata acaba entrando para uma reformada GUTS-Select, que deve proteger o planeta e encontrar uma solução para o problema imediato das esferas que cobriram o planeta, cortando completamente o contato externo com as colônias de Marte.

Eu obviamente cortei MUITA coisa do que aconteceu, mas bem… A série está no começo, e muita coisa seria spoiler e não quero estragar esses momentos, então passei uma pincelada no primeiro episódio.

Reprodução: Tsuburaya

Uma das coisas que se percebe de cara, é que o elenco inicial de Decker é relativamente menor do que o de Trigger. Ainda temos o trio principal com o Kanata, Ichika e Soma, mas a equipe é menor. Kanata é meio que o herói otimista, talvez não tão excessivamente animado como o Kengo (Decker) foi. Ichika é o que a gente espera de um protagonista de shonen, cabeça quente, energética e tudo mais. E Soma é o gênio frio de blá blá blá.

A dinâmica deles funciona, apesar deles não saberem que o Kanata é o Ultraman Decker, o único que vem a saber disso é o robô AI H.A.N.E.2, que recebeu o apelido de Hanejiro, referência ao Alien mascote de Ultraman Dyna.

Em termos de ação, Ultraman Decker traz os pontos fracos e fortes de uma série Ultraman, e de um tokusatsu moderno em geral. Como nesse tipo de série, merchandising é um ponto chave, algo tem que ser usado pra vender algo, nisso, a transformação de Kanata em Decker se dá por meio de cartas, tal como Kamen Rider Decade, o mesmo vale pra mudanças de forma e invocações de monstros.

Reprodução: Tsuburaya

Como mencionado, traz os fortes e fracos de um Ultraman. Como a franquia sempre foi com batalhas de seres gigantes, os combates não são tão focados em golpes físicos em sequência, como temos num Kamen Rider ou Super Sentai (a exceção talvez seja a série Ultra Galaxy Fight), e obviamente temos o clássico ataque do Ultraman com os braços em formato de cruz disparando um raio. Mas ao mesmo tempo em que esse ritmo de lutas cadenciado pode ser considerado um ponto fraco, é o que torna uma série de Ultraman… Uma série de Ultraman, e tem um charme inigualável.

Ainda não tivemos episódios o suficiente para explorar mais os personagens, mas pinceladas são dadas a cada episódio, e talvez segredos dos personagens sejam revelados ao longo da série (ainda temos cerca de 21 episódios restantes, tempo o suficiente pra desenvolver.

Após assistir esse começo de Decker (e até o momento, 9 episódios de Trigger), me pergunto o porque das CG’s de tokusatsu da Toei serem tão ruins. Tenho certeza de que eles são capazes de mais, porque o que a Tsuburaya faz é magia pura. Claro, dá pra ver que a Tsuburaya usa MUITOS efeitos práticos, mas tem CG aqui e ali para muitas coisas, e a não ser aquelas coisas muito óbvias, como as esferas, o CG tá muito melhor integrado ao produto do que o que a Toei faz (por mais que eu goste de Donbrothers, os rangers rosa e preto em CG são horríveis visualmente, porque a CG parece pobre, sei que uma das gimmicks de Donbrothers é realidade virtual, mas ainda assim).

Reprodução: Tsuburaya

Os temas de abertura e encerramento da série são incríveis. Wake Up, Decker!, do duo SCREEN mode é uma música chiclete, que provavelmente vai te colocar pra fazer uns exercícios se você assistir ao videoclipe. E o encerramento, com Kanata Toku, interpretado por Hironobu Kageyama, é o tipo de música suave, que se espera de um encerramento (e ela me lembra MUITO Kokoro wa Tamago, encerramento de Jetman) e uma pequena referência ao fato do Kageyama ter interpretado Ultra High, o segundo encerramento de Ultraman Dyna, com a banda dele, LAZY.

Uma das melhores coisas, e que faz com que eu possa recomendar Ultraman Decker sem pensar muito, é que não é necessário ter assistido Dyna, ou mesmo Trigger pra entender o que se passa na série, mas pra quem o fez, vai reconhecer as referências, como monstros e tal, ou como os eventos de Trigger influenciaram Decker. É uma série gostosa de se ver, até o momento ao menos.

Ultraman Decker está em exibição no Japão, e todas as sextas-feiras a noite no canal oficial da Tsuburaya, com legendas em português do Brasil.