Chronicles of Tal’Dun: The Remainder | É a verdade que você busca?

Chronicles of Tal’Dun: The Remainder | É a verdade que você busca?

07/04/2022 0 Por Geovane Sancini

Uma concepção errada que muita gente tem, é que todas as visual novels são iguais e só tem de putaria. O fato é que mesmo entre os jogos que podem se categorizar como visual novels, existem diversas variantes, como Date Sims, que se valem de status e tudo mais.

Não somente isso, mas assim como animes, e jogos normais, as visual novels se dividem em vários gêneros, como Otome (onde a protagonista, usualmente mulher, está rodeada de caras bonitos e precisa fazer uma escolha de rota), Nukige (onde a história usualmente não tem tanta importância, já que o foco dela é MUITO, MAS MUITO sexo), Nakige (cujo objetivo é basicamente arrancar lágrimas do jogador, apostando em um drama imenso) e muitos outros, fazendo com que o gênero seja tão variado quanto o próprio mercado.

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Claro que nem toda visual novel vai ser pra todo mundo, porque é essa a natureza do mundo, em tudo, nada é pra todo mundo, existem nichos que gostam de determinadas coisas e o mesmo vale pra Visual Novels, é claro que vão existir momentos em que a pessoa sai da zona de conforto pra jogar algo diferente e em nesses momentos, você pode encontrar o lixo do lixo, ou algo genuinamente bom, mesmo não sendo o que tipicamente você joga. Em qual categoria Chronicles of Tal’Dun: The Remainder, lançamento do Square Weasel Studio se encontra?

Confira na nossa análise.

Reprodução: Square Weasel Studio

Em um mundo de Fantasia sombria, você está em busca de respostas

O jogo conta a história de dois feiticeiros, Vyn e Ilar, que se encontram presos em uma torre decadente, e a única chance de salvação se encontra em um difícil ritual… Ou ao menos é o que Ilar lhe diz. A questão é: Você não se lembra de nada, e a história de Ilar faz cada vez menos sentido, quando o ritual se aproxima.

Será que Ilar esconde informações para-lhe proteger da amarga verdade? Ou você está sendo enganado por alguma razão nefasta.

O mundo de The Remainder é extremamente bem construído, mas apesar da pegada estar na fantasia sombria, ele não tenta bancar o edgy, mesmo com a morte estando a espreita em cada decisão que você faz. Em seus múltiplos finais, conseguimos mais e mais informações, para quem sabe em algum ponto, quebrar esse ciclo vicioso que se mantém a cada tentativa.

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A novel não é como a maioria, onde um final ruim só te mostra onde você errou, cada final ruim, cada morte é uma etapa de aprendizado, não apenas para não errar, mas para chegar ao final verdadeiro do jogo, escondido em meio a um caminho difícil.

Cada passo que você dá, descobre mais sobre aquele mundo sufocante, e mais sobre Ilar. Seria Ilar um camarada, amante ou algo completamente diferente? Tente ler nas entrelinhas do que Ilar lhe diz, e busque por pistas ao seu arredor, para planejar o próximo passo.

A narrativa do jogo é bastante carregada, não sendo o tipo de novel que você joga de maneira leviana, mas sim que exige que você esteja imerso naquele mundinho, o que não é difícil, e irei explicar a razão em breve.

Chronicles of Tal'Dun

Reprodução: Square Weasel Studio

O clima atmosférico é o que vende o jogo

Uma vez eu expliquei em algum review meu de visual novel, tendo experiência, tanto programando visual novels, quanto jogando diversas, e escrevendo três livros (4 se considerarmos um que nunca publiquei porque não possui revisão alguma), mas ao contrário de jogos AAA, animes, cartoons, seriados e filmes.

Visual novels são produtos usualmente estáticos, com algumas exceções (certas novels com mais orçamento possuem sprites utilizando a tecnologia Live2D, a mesma que VTubers utilizam, e usualmente algumas novels eróticas possuem certas pequenas animações em cenas de sexo), então trilha sonora e sonoplastia são ESSENCIAIS para dar ao leitor, o clima que o autor quer passar.

Não adianta nada, por exemplo, ter uma cena mega dramática num hospital, onde um personagem descobre que tem câncer, a trilha sonora parecer ter saído de um circo ou parque de diversões. Você precisa ter a trilha ideal e a sonoplastia ideal para passar o clima que a cena pede. Mesmo que você não tenha um compositor, e vá usar músicas Royalty Free, encontrar a musica ideal pra cena ainda é uma prioridade.

E nesse quesito, a equipe do Square Weasel Studio está de parabéns. Eu diria que entre 70 e 75% da atmosfera sufocante do jogo, se encontra na parte sonora do mesmo, sejam as músicas, ou simplesmente a sonoplastia que ajuda imensamente na imersão do jogo.

Graficamente, conta com ilustrações lindíssimas, em tons monocromáticos, que apesar de não serem vistosos num sentido de cores, contribuem com o clima do jogo, novamente chegando no ponto sobre Visual Novel ser uma mídia que precisa criar o clima com base na união de imagens estáticas, e sonoplastia.

Aliás, a apresentação de “The Remainder” não se dá como a maioria das visual novels, que apresenta a cena com a caixa de texto na parte de baixo na tela, mas com a caixa no topo direito da tela, que apesar de não ser único (existem outras novels que fazem isso), é incomum, mas não necessariamente ruim.

Só que o tom monocromático das ilustrações, juntamente com a narrativa carregada, tornam as coisas um pouquinho mais difíceis do que deveriam.

Chronicles of Tal'Dun

Reprodução: Square Weasel Studio

Conclusão

Chronicles of Tal’Dun: The Remainder não é para todos, o que novamente, é absolutamente normal. Porém, se você gosta de visual novels, recomendo que dê uma experimentada no jogo, você pode jogar o primeiro ato do jogo de graça, caso queira conhecer o mundo e os personagens, digo que vai ser uma parada bem diferente do que está acostumado, e sair da zona de conforto pode levar a uma experiência gratificante.

O jogo está disponível somente para os PC’s.


Esta análise foi feita no PC com uma cópia digital do game gentilmente cedida pela Square Weasel Studio.