GRID Legends | Um passo para frente, um passo para trás

GRID Legends | Um passo para frente, um passo para trás

26/02/2022 0 Por Geovane Sancini

Esse ano de 2022 estou tirando muitas coisas do meu backlog. Finalmente tomei coragem pra terminar Darksiders 3 e Wolfenstein 2, jogos que comprei em 2018 (inclusive Darksiders 3 recebeu uma atualização em algum ponto que adicionou a opção de deixar a jogabilidade parecida com a dos dois jogos anteriores.). E também terminei a trilogia original de Uncharted.

Agora me dedico a Mass Effect, que não jogo seriamente desde 2013 quando terminei Mass Effect 3… Pera, mas eu terminei o Andromeda também, uns anos atrás, eu tava me referindo a trilogia original. Mais notícias sobre isso em breve (e você pode me ver jogando no Twitch vez ou outra).

Vou ser completamente honesto. Até cerca de um mês atrás, eu não sabia sequer da existência desse jogo. Não to brincando, mesmo eu sendo fã de jogos de corrida, o fato de que a série GRID estaria recebendo um jogo novo passou completamente despercebido por mim. Mas, enfim. 3 anos depois do último título, GRID Legends chegou ao mercado.

Será que ele vale a pena o seu tempo e dinheiro?

Grid Legends

Reprodução: Codemasters/ Electronic Arts – Capturado no PS4

Conduzido à Glória

Seguindo o caminho de DiRT 5 e F1 2021, o jogo trás um Modo História, mas mais parecido com o F1 do que com o DiRT 5 em termos de estrutura. Aqui, encaramos a jornada de um piloto novato que acaba impressionando Marcus Ado, o dono da equipe Seneca Racing, competidora do Grid World Series. Marcus estava desesperado, porque as coisas não iam bem para a equipe em termos de competição, e a outra piloto da equipe, Yume Tanaka, não conseguiria ser competitiva sozinha.

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E então começamos uma jornada para vencer o GRID World Series, uma competição que é dividida em múltiplas categorias, que prova a eficiência do piloto em dirigir não só um típo de veículo. Existe todo um drama, mas meio que ele não se estende a você, porque você é um piloto sem voz em meio a todos os outros personagens, ao contrário do F1 2021, onde a trama era focada em Aiden Jackson e Casper Akkerman.

Ainda que seja uma adição bem vinda (eu sou a favor de modos história nos meus jogos, desde que o resto do jogo não seja prejudicado), assim como o Braking Point em F1 2021, vejo como esse modo pode ser divisivo.

Porém, ao contrário de F1 2021, aqui, apenas a primeira corrida é absolutamente obrigatória, já que ela é em termos de ordem cronológica, a última corrida da Grid World Series. Já que após ela, você pode continuar essa história, voltando ao começo, antes de você assinar com a Seneca Racing, ou partir para o Modo Carreira tradicional, com você começando uma equipe (e não tendo nada a ver com a história).

Grid Legends

Reprodução: Codemasters/ Electronic Arts – Capturado no PS4

Carreira confusa, online demais

Eu comentei numa mini thread das minhas impressões iniciais sobre o jogo, que o foco do jogo no Online, mesmo no modo carreira, era um tanto prejudicial por ele ser mais ou menos obrigatório, mas isso acabou sendo uma meia verdade, porque você pode desligar isso com um botão. Mas ainda assim…

O modo Carreira de Grid Legends é confuso, mesmo ele possuindo em teoria, a mesma estrutura do GRID de 2019. Isso por causa da distribuição de menus diferentes, e até mesmo a maneira de desbloquear certas corridas é diferente, com algumas exigindo que você dirija por X quilômetros com algum carro daquela categoria.

De resto, mais ou menos a mesma coisa, só que os torneios estão dividos em categorias, de Novato, Semi Profissional e Profissional, daí ao completar as 3 categorias, abrem-se os desafios finais do jogo. E dentro dessas categorias em si, existem as sub-categorias relacionadas a diferentes tipos de carro. Honestamente, depois da simplicidade que era o modo carreira do GRID 2019, isso aqui é tudo em excesso e contra intuitivo.

Por outro lado, algumas melhorias foram feitas, já que agora é possível comprar upgrades para os carros que você possui, para o seu mecânico, garantido descontos em reparos, compra de veículos e etc, e melhorias pro seu companheiro de equipe, tornando-o mais habilidoso, podendo fazer com que ele seja agressivo contra seus Nemesis, dentre outras coisas.

Só que de novo, os menus e acessos do jogo são contra intuitivos, tornando tudo mais complicado do que deveria ser. De novo, a comparação com o GRID 2019. O mesmo vale pra compra de carros, excessivamente complicada. E aqui vai uma dica: Termine primeiro o modo história pra acumular dinheiro, vai valer a pena.

A jogabilidade é customizada para seu tipo de gameplay, se você manja das paradas, pode jogar com dano terminal, sem assistências, ou com dano superficial e assistências a rodo. E dessa vez, os Flashbacks, uma das features da EGO Engine (A Engine da Codemasters) são limitados. Não há opção de deixá-los infinitos com a dificuldade Fácil, como no GRID 2019. Sinto muito se faço comparações com o jogo anterior, mas como terminei o GRID de 2019 recentemente, impossível não fazer essa comparação.

Grid Legends

Reprodução: Codemasters/ Electronic Arts – Capturado no PS4

Novas pistas e novos carros

A dirigibilidade é a mesma do GRID 2019, com pequenos ajustes aqui e ali, eu diria, você consegue dar ordens ao seu companheiro de equipe (coisa que não tem nos F1 recentes) e tudo mais.

Existem as coisas que você pode fazer para garantir dinheiro extra e satisfazer requisitos dos patrocinadores (os patrocinadores não funcionam de maneira intuitiva como em DiRT 5 ou F1 2020/2021), que incluem Drifts, Estilingues (Estilingue é uma técnica até bem comum na vida real, de você ficar no vácuo do adversário a sua frente por um tempo e fazer a ultrapassagem pelo lado, com uma velocidade extra que deve ter algum princípio aerodinâmico que conseguiria explicar nem que minha vida dependesse disso, mas é uma forma de ultrapassagem bem comum na NASCAR), ultrapassagens, vácuos, pulos em determinadas rampas e tudo mais. Se você está habituado com os controles de um jogo moderno de corrida, não será problema entender como GRID Legends funciona.

Novas pistas foram adicionadas ao jogo, tanto reais, como Mount Panorama, Suzuka e o Red Bull Ring (as duas últimas foram DLC’s do GRID 2019), quanto fictícias, no caso de Moscou, Dubai, Londres e Chicago. Por outro lado, não temos mais Silverstone dentre as pistas. Mas no geral temos 22 circuitos, que com suas variantes de traçado, chega ao total de 137 locais pra correr (ainda que uns sejam só Pista X e Pista X – traçado invertido).

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Quanto aos carros, apesar de eu adorar todo tipo de corrida de carros, não sou um aficionado por modelos a ponto de saber minúcias de cada um. Claro, tem alguns carros que eu reconheço que são esteticamente agradáveis, ou icônicos (tipo a Ferrari Testarossa do OutRun, manja?), mas eu sou realmente um novato nesse quesito. Mas, de qualquer jeito, para o GRID Legends, a quantidade de veículos foi aumentada para a casa dos 120 (126 de acordo com a Wiki do jogo) e a categoria de Carros Elétricos foi adicionada.

Esses carros elétricos, obviamente tem o motor que parece uma chaleira fervendo, e suas corridas podem possuir boosts de velocidade, como acontece na Formula E, inclusive tem um modelo que é bem semelhante aos modelos da Formula E, a ponto de eu, ao ver o trailer, achei que tivessem conseguido a licença com a FIA pra colocar a Formula E do jogo, mas não são tão similares assim.

Enfim, esses boosts não são exatamente como a Zona de Ataque da Formula E, onde ao passar por uma área fora do considerado o traçado ideal da pista, seu carro ganha uma potência extra por alguns minutos, num sistema de risco/recompensa (porque você vai pra fora do traçado ideal de uma curva, perdendo um pouco de tempo e até mesmo uma ou mais posições, em troca de potência extra).

Em GRID Legends, você passa por dois detectores (também fora do traçado ideal da pista, e ao passar pelos dois, você ganha três turbos a serem utilizados, o que traz a mesma ideia de risco/recompensa.

Reprodução: Codemasters/ Electronic Arts – Capturado no PS4

Não faz feio no departamento visual

Uma das minhas principais críticas ao DiRT 5, quando joguei, foi a trilha sonora. O negócio era tão alto que eu não conseguia ouvir meus pensamentos, tanto que depois de um tempo de jogo, eu mutei as músicas lá. Sem contar que assim, meu stream não seria mutado pelo algoritmo do Twitch, quando streamei. Enfim, esse não é um problema que GRID Legends possui.

Ainda que não sejam músicas inspiradas ou excelentes, são músicas que agradam ao seu ouvido e complementam bem as corridas do jogo. Mas, uma coisa que podemos dizer, é que dessa vez não temos dublagem em português, coisa que havia no jogo de 2019. Não que faça tanta falta aqui, mas é algo a se notar.

As performances dos atores que interpretam os personagens, é até que decente e a vibe de documendrama* do Netflix (impossível não comparar com “Drive to Survive”) que o modo história possui, e mais, ver os atores e tal dando vida a esses personagens, meio que traz de volta essa coisa do modo história/carreira que a Codemasters já havia utilizado antes na série TOCA (que é a antecessora de GRID). E os personagens do jogo em si, são personagens que você já topou com eles em jogos anteriores da própria série GRID.

*documendrama porque vamos ser honestos, Drive to Survive tem muito drama que é completamente artificial e inexistente no paddock, isso não sou eu tirando do cu, pilotos já disseram isso nas mídias sociais.

Graficamente, nos consoles de geração atual e PC’s mais potentes, o jogo não faz feio, isso eu posso dizer de vídeos feitos. E a versão para a geração anterior (PS4/Xbox One) também não é feia. Claro, você não vai encontrar o nível de detalhes de um Forza Motorsport, Gran Turismo ou Asseto Corsa, que são jogos focados em Simulação, mas o jogo é um pouco mais bonito que seu antecessor, o que era esperado.

Os carros possuem níveis de destruição (talvez não como Project CARS, onde o menor erro ou toquinho que cause dano pode te custar muito em termos de aerodinâmica e controle do carro) bacanas de se ver, mesmo com a opção de dano estético ligada e as pistas reais são boas recriações dos circuitos.

Os efeitos climáticos são mais convincentes que no jogo de F1, e a vista do Cockpit numa corrida com chuva torrencial é um efeito bem bacana (mas eu não jogo muito com essa vista por motivos). Infelizmente não temos um sistema de clima dinâmico, como em Project Cars 2, ou mesmo o simples de Formula 1, mas não se pode ter tudo.

Reprodução: Codemasters/ Electronic Arts – Capturado no PS4

GRID Legends é um bom jogo, mas…

Olha, a minha recomendação geral é esperar uma boa promoção, ou o jogo entrar no EA Pass.

Ele oferece um conteúdo razoável, e tem um modo história relativamente decente (embora eu preferisse que as cinemáticas fossem mais no estilo do F1 2021, ao invés de com atores), mas o problema é que tudo (fora o modo história) é apresentado ao jogador de maneira confusa e não intuitiva. Caso queira jogar algo semelhante, experimente o GRID de 2019 que é gratuito com o EA Pass. É mais intuitivo fazer as coisas lá.

GRID Legends está disponível para PC, PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 5 e Xbox Series S | X.


Esta análise foi feita com o acesso antecipado do EA Play, que permite até 10 horas de jogatina.