Mario Kart Tour | Em defesa do Mario Kart de celular

Mario Kart Tour | Em defesa do Mario Kart de celular

20/02/2022 2 Por Tony Santos

Introdução

Em tempos onde o jogo numerado mais recente da franquia, Mario Kart 8, recebe DLC oito anos após seu lançamento e mais nenhum jogo novo aparenta estar sendo produzido, é facilmente compreensível ver pessoas torcendo o nariz para o único game mobile da série, Mario Kart Tour.

Os motivos são diversos e abordaremos um por um nesse texto, apresentando quase que em forma de tópicos as principais reclamações de jogadores de longa data, além de dissertar se são críticas válidas ou não.

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Obviamente, cada pessoa tem sua opinião e mesmo ao apontar algumas qualidades do game aqui, o leitor pode tranquilamente continuar distante dessa iteração mobile. Por outro lado, recomendo uma expansão dos horizontes, pois Mario Kart Tour apresenta muito mais do que os olhos podem ver em primeiro momento.

Mario Kart Tour

Reprodução/ Nintendo

 

O Mario Kart de celular que ninguém gosta

Lançado em setembro de 2019, Mario Kart Tour é uma versão do popular jogo de corrida que todos conhecemos: corra, use itens pegos em caixas e acerte os inimigos para terminar em primeiro.

O diferencial no lançamento e que atingiu muitas pessoas foram os controles, que suportavam (e ainda suportam) somente a tela de toque do aparelho. Assim, o jogador precisa arrastar o dedo para os lados para controlar o seu carro.

Além disso, inicialmente o game só suportava o formato de tela em modo porta-retratos (em pé). Isso não diminui a visibilidade da tela, mas causa estranheza para quem está acostumado a jogar Mario Kart 8, por exemplo. Após algum tempo, foi lançada uma atualização que permite usar o celular deitado.

Reprodução/ Nintendo

 

O fator “gacha”

Uma coisa muito marcante nos reviews do game na época do lançamento foi aspecto gacha do jogo, principalmente nos textos escritos por americanos, que naturalmente possuem uma aversão maior a esse sistema em jogos mobile.

Para quem não conhece, “gacha” se refere àquelas maquininhas onde você coloca uma moeda e pega um brinquedo aleatório. Esse conceito foi trazido para os games, principalmente mobile, onde o jogador deve gastar uma certa quantidade de moedas pagas — geralmente chamadas de “gemas” — para rodar uma roleta e tirar um item, que pode ou não ser repetido.

Em jogos ocidentais, esse sistema costuma ser chamado de lootbox, e existem até leis em alguns países que impedem ou limitam esse tipo de mecânica nos jogos.

Reprodução/ Nintendo

 

Gacha Kart

Infelizmente, Mario Kart faz uso desse sistema de gacha. Ao completar certas conquistas semanais ou gastando dinheiro real, o jogador ganha uma moeda chamada gema, que pode ser usada para atirar um canhão, que pode conter pilotos, karts ou asas diferentes.

Em Mario Kart Tour, toda corrida possui um set específico de pilotos, karts e asas que dão mais pontos, então é natural que o jogador queira ter a maior variedade possível desses itens, para que não tenha que correr em desvantagens de pontos.

Mario Kart Tour

Reprodução/ Nintendo

 

Vencer ou fazer o hi-score?

Ah, os pontos. Isso precisa ser explicado, pois em MKT, o jogador não precisa necessariamente vencer todas as corridas, e sim fazer uma pontuação pré-definida, que vai dar a ele de uma até cinco estrelas no fim do percurso.

Os pontos são dados durante cada evento. Ultrapassagens, itens usados, itens desviados, drifts, pegar moedas, etc. Tudo aumenta sua pontuação. E o legal disso – e talvez o fator mais viciante do game – é que executar essas tarefas em sequência geram combos que aumentam mais seu score no final da corrida.

É uma mecânica BEM DIVERTIDA e faz muita falta quando se sai de Mario Kart Tour para voltar pra um jogo comum da série.

Mario Kart Tour

Reprodução/ Nintendo

 

Multiplayer e ranking online

O que faz os jogadores continuarem abrindo o game semanalmente é que as pistas estão sempre mudando. A cada duas semanas são liberadas doze copas, cada uma contendo três pistas e um desafio bônus. Todas essas pistas podem ser jogadas contra a CPU ou aleatoriamente no modo multiplayer, que funciona muito bem, mesmo em redes 4G/5G.

Além disso, a cada semana, uma das copas se torna a ranqueada. Nela os jogadores devem de fato fazer a melhor pontuação possível nas três corridas e subir nas Ligas. Melhores colocações nessas ligas semanais obviamente dão prêmios, como gemas, carros, pilotos, asas e itens de melhoria num geral.

Mario Kart Tour

Reprodução/ Nintendo

Loop de Gameplay e objetivo

Assim sendo, o objetivo do jogo é: entrar no início da semana (que in-game começa toda quarta-feira às 2AM) e ir jogando em todas as Copas, principalmente na ranqueada, onde é possível subir as Ligas e ganhar itens melhores para continuar jogando.

Como já joguei outros gachas, acho que o grande diferencial de Mario Kart Tour é que jogar o game DE FATO é divertido, e isso talvez seja um fator que nenhum review da época do lançamento focou.

Games como Fate GO e Another Eden possui um gameplay básico que se torna vazio bem rápido, fazendo com que o jogador apenas entre pra conseguir mais itens ao invés de se divertir.

Reprodução/ Nintendo

Já em MKT, mesmo que você não tenha os melhores pilotos (ainda), jogá-lo é tão divertido quanto um game normal da série. Os controles requerem um certo aprendizado, mas são bem intuitivos, a ponto de ficar natural em menos de uma hora correndo.

 

Por isso eu digo: mesmo que você não tenha o Luigi ou o Metal Mario de cara, não faz diferença. Todos os personagens são fáceis de jogar e é impossível não vencer algumas corridas, mesmo na dificuldade 150cc.

Não se deixe levar pela frustração de não tirar o personagem do banner semanal, pois tudo isso vem naturalmente ao longo do tempo e os principais pilotos sempre aparecem na lojinha in-game, para serem comprados com moedas normais.

Falo com experiência própria, pois jogo Mario Kart Tour desde o lançamento e nunca precisei gastar um centavo no game, e mesmo assim eu tenho uns 80% dos pilotos, já que nenhum deles é exclusivo para jogadores premium. Nesse sentido o game é bem generoso.

Reprodução/ Nintendo

 

Parte técnica e visual

Bem, agora que já abordei o fator social e financeiro, posso falar sobre o jogo em si, né?

Mario Kart Tour foi feito inicialmente, usando assets do jogo Mario Kart 7, de Nintendo 3DS.

Isso é facilmente notável, pois as primeiras pistas do game eram em sua maioria retiradas do game de 2011, além dos modelos dos pilotos, que apesar de terem uma resolução maior, ainda possuem o formato e animações vindas do 3DS.

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Com o tempo, mais conteúdo foi adicionado, além de pistas originais. Desse conteúdo original, a maioria é feita com base em locais do mundo real, e daí o nome Tour no título.

No segundo ano do game porém, esse foco em pistas baseadas em Nova Iorque, Japão, França e Inglaterra foi deixado um pouco de lado, e a desenvolvedora DeNA resolveu trazer pistas de outros Mario Karts, como algumas vindas do SNES e Nintendo 64.

Em fevereiro de 2022, o game conta com 43 pistas únicas. E se esse número parece alto, leve em consideração que todas elas, mesmo as antigas, possuem variações chamadas de RMX (Remix), como:

  • R (reverso): percurso ao contrário mesmo, com adaptações. Não é espelhado apenas);
  • T (tricks): circuito com rampas e viadutos que mudam de leve o caminho e aumentam os combos;
  • R/T: mistura dos dois conceitos acima.

    Reprodução/ Nintendo

Pilotos, Karts e Asas

Assim como foi inicialmente colocado em Mario Kart 7, é necessário escolher o seu personagem, karts e asas.

Aqui temos muito mais itens desse tipo, que obviamente existem em grande quantidade para sustentar o sistema de gacha presente no jogo.

Mas para sorte de todos nós, eles são até facilmente conquistáveis. Cada item desses possui três ranques: A, B e C.

Nenhum deles dá vantagens na corrida, mesmo os raros. O que mudam entre eles é dar mais pontos no final das corridas. Isso ajuda para subir nas Ligas, mas não dá vantagem no multiplayer, o que é muito bom.

Por outro lado, cada piloto (e karts e asas blá, blá, blá) tem um nível que pode ir de 1 a 7. Tirar um item desses repetidos aumenta a barra de experiência, podendo chegar até o nível 7.

E o que esses níveis fazem afinal? Bem, eles permitem combos maiores e principalmente permitem que o item em questão seja usado em mais pistas.

Reprodução/ Nintendo

Conclusão

Mario Kart Tour pode não ser o jogo mais perfeito da série, mas está longe de ser horroroso. Suas mecânicas mais criticadas, como os controles e o gacha, são facilmente contornáveis e toda apresentação visual e técnica faz jus a um jogo da Nintendo.

Por ser um game free to play, recomendo que todos que gostam de Mario Kart tentem um pouco.

Obviamente que a expectativa inicial é de jogar uma versão portátil idêntica a um jogo normal da série, mas os nuances de um game mobile não fazem dele algo ruim.

Mario Kart Tour é talvez um dos melhores jogos free to play atualmente, não a toa tendo 200 milhões de download até o fim de 2021.

Divirtam-se enquanto fazem cocô ou antes de dormir com esse grande jogo para celulares.

Reprodução/ Nintendo

Reprodução/ Nintendo