Sifu | Deliciosamente difícil – Análise

Sifu | Deliciosamente difícil – Análise

14/02/2022 3 Por Tony Santos

Introdução

Anunciado originalmente em fevereiro de 2021, durante a apresentação State of Play da Sony, Sifu é um jogo do estilo beat n’ up (briga de rua, para os velhos tipo eu), criado pelo estúdio francês Slocap que anteriormente fez o também bem recebido, Absolver.

Sifu

Reprodução/ Slocap

 

História

No game controlamos um rapaz sem nome, conhecido apenas como Artista Marcial, que viu seu pai, o Sifu — mestre — de uma escola de lutas ser morto por um grupo de cinco assassinos.

O líder dessa gangue de lutadores encontra a criança e a mata, porém um talismã misterioso o ressuscita, permitindo que ele cresça e treine para buscar justiça pelo seu pai.

Infelizmente, o poder do talismã é limitado, fazendo com que o Artista Marcial envelheça rapidamente toda vez que morre.

 

Reprodução/ Slocap

Briga de rua roguelike?

Uma das maiores surpresas de Sifu no seu lançamento foi a dificuldade absurda.
O game aparentemente é curto, contando com uma fase introdutória e mais cinco estágios bem longos, porém não é bem assim.

Como dito acima, o seu personagem envelhece toda vez que morre no jogo e isso se traduz como um aumento contínuo de dificuldade. Afinal, quanto mais velho o Artista Marcial fica, mais frágil seu corpo se encontra.

Por outro lado, envelhecer implica que ele também ficou mais experiente, então seus golpes também causam mais dano.

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Essa dinâmica, na prática, força o jogador a tentar passar das fases o mais “jovem” possível e talvez, lá pro final, use da idade avançada para ganhar dos chefes mais difíceis.

Obviamente que existem alguns loucos que conseguem terminar o jogo simplesmente sem morrer, mas ao contrário de alguns reviews por aí, não é algo impossível.

Assim sendo, a repetição de fases não deve ser vista como uma coisa ruim, remetendo aos jogos do gênero roguelike. Porém aqui nada é gerado proceduralmente (graças à Deus!). Todas as fases são iguais em todas as runs que o jogador fizer.

Sifu

Reprodução/ Slocap

Dificuldade

Sifu parece seguir a escola recente de desenvolvimento de jogos onde uma dificuldade elevada não é ruim se ela for apresentada de forma justa para com o jogador.

Em diversos momentos sim, parece que o game não te dá trégua para respirar, mas você também possui todas as ferramentas para lidar com os diferentes tipos de inimigo.

Existem também habilidades que podem ser adquiridas de forma permanente mesmo depois de um game over, então mesmo aqueles que estão batendo na parede sem esperança de evoluir no game podem, com um pouco de dedicação, juntar pontos de experiência em runs fracas somente para ganhar habilidades que vão ajudá-lo a superar as dificuldades na marra.

Sifu

Reprodução/ Slocap

 

Jogabilidade

Os controles são o ápice desse game. De início, a impressão que dá é de que ele é um tipo de beat n’ up fácil, onde basta apertar os botões de golpe ad infinitum até que todos os inimigos morram. Errado.

Como todos os adversários em tela têm um padrão de golpe, é possível lidar com eles de maneiras específicas.

Por exemplo: existe uma personagem feminina que te ataca três vezes antes de dar uma rasteira. Uma ótima maneira de lidar com ela é esquivar três vezes para trás e uma para frente, criando uma abertura para golpeá-la.

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Em relação a esquiva, ela é o principal comando que o jogador deve dominar. Ao segurar L1 + analógico para baixo, o personagem esquiva de qualquer golpe frontal. Segurar o L1 e ficar apertando para baixo frequentemente permite que o Artista Marcial esquive de 80% dos golpes desferidos contra ele, também.

A única exceção são os golpes baixos e rasteiras, pois elas precisam ser esquivadas ao segurar L1 + analógico para cima, porém são golpes usados com menos frequência pelos inimigos e dá pra jogar bem tranquilo sem se preocupar muito com isso.

 

Reprodução/ Slocap

Apresentação

O game é claramente inspirado visualmente por filmes de artes marciais antigos e tradicionais, e as lutas, com golpes variados e armas espalhadas no chão para serem usadas, lembram muito os filmes do Jackie Chan.

A Slocap conseguiu traduzir muito bem esse tipo de ação mista pro game, e o feedback visual e tátil é bem prazeroso. Cada golpe e som realmente dá a sensação de que o jogador está dando uma porrada bem dada no adversário e isso é essencial para um jogo com fases que devem ser jogadas muitas vezes.

Na versão de PS5, os desenvolvedores fizeram bom uso do controle DualSense, criando vibrações de diversos tipos em todos os momentos do game. Até a brisa dos ventiladores espalhados nas fases podem ser sentidas de um jeito específico, o que mostra a dedicação até com os menores detalhes.

A trilha sonora é composta de temas simples com um ar oriental, e não fazem feio, só não são o foco da experiência. Estão ali somente para ilustrar o grande espetáculo visual.

 

Sifu

Reprodução/ Slocap

Conclusão

Sifu é uma surpresa, pois jogos nesse estilo beat n’ up costumam ter uma dificuldade mais casual e apelam para estímulos externos para manter o jogador entretido, como itens que facilitam o jogo, por exemplo.

Em Sifu temos estímulos internos — coisa bem rara em jogos de hoje — que envolvem fazer o jogador realmente aprender a jogar para passar das fases, dando uma sensação verdadeira de evolução e aprendizado.

A curva que leva ao domínio e finalização de Sifu é bem íngreme, é verdade, mas totalmente conquistável.

E por mais que você não zere o game, a experiência, que de certa forma parece com um jogo arcade, faz com que ele não enjoe facilmente. É o tipo de jogo que pode ser revisitado várias vezes apenas pela diversão de bater em alguns inimigos, sem pretensão de ser o melhor jogador da face da Terra.

Vá para Sifu sem medo de Sifu e divirta-se.


Sifu está disponível para PC e PlayStation, e esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do game gentilmente cedida pela distribuidora.