Minha experiência na Brazilians Against Time de 2019

Minha experiência na Brazilians Against Time de 2019

21/11/2021 1 Por Geovane Sancini

No período entre os dias 1 e 6 de fevereiro de 2019 aconteceu em São Paulo a quarta edição da Brazilians Against Time, maratona presencial de speedruns feita em prol da caridade, e eu fui um dos runners presentes no evento, esse artigo conta minha experiência lá desde o início.

Sigam-me os bons.

A Brazilians Against Time foi basicamente o motivo intrínseco de eu ter me tornado um speedrunner em Março do ano passado. E foi assim que começou, pouco depois da edição de 2018, eu twittei (agora não lembro se foi pro Hugo Carvalho, o organizador da BRAT ou se foi pro perfil da Brat) a seguinte mensagem: “Ano que vem vou estar aí, como runner.”. Pode ter parecido um tanto ousado, mas era a meta, nem que pra isso eu tivesse que faltar o trabalho.

Até então minhas experiências com speedrun eram basicamente umas tentativas no Mighty Gunvolt de PC (Com IGT na casa dos 20 minutos) e um jogo de plataforma chamado “Miko Training”, que não vou dar muitos detalhes, mas se você morria, literalmente era fodido. Sim, era um jogo adulto,

Logo, comecei a pegar jogos que gosto e tentar corrê-los, e começou assim, com Double Dragon II, que depois de muito tempo, consegui um tempo de 15 minutos e 15 segundos, na versão japonesa, dificuldade fácil. Daí foram a outros jogos, como Mighty Morphin Power Rangers: The Movie (que detive o World Record de uma categoria por meses), Bare Knuckle 3, Double Dragon IV, entre muitos outros, no SNES e PS2.

Avançamos um pouco no tempo, e como o meu PS2 tinha morrido, eu dei uma esfriada nas speedruns até perder o emprego e comprar o PlayStation 4. Nesse meio tempo, ajudei na comunidade brasileira de speedruns na retransmissão em português da Games Done Quick Xpress que ocorreu na TwitchCon de 2018 e voltei a fazer speedruns, focado no meu atual console de mesa, com Sonic Forces encabeçando no começo de Setembro, além de Timespinner e Samurai Warriors posteriormente.

Prosseguindo, abrem-se as inscrições pra edição de 2019 da Brazilians Against Time, pouco depois da edição especial que aconteceu na Brasil Game Show, e eu mando tudo que é jogo de PS4 e SNES que posso, de Warriors Orochi 4 a Double Dragon II, incluindo coisas de última hora, como Sonic Forces. Avançamos pro final do ano, e sai a lista de jogos aprovados, EU FORA SELECIONADO. Correria Mighty Gunvolt, abrindo o bloco de Mega Man, Sonic Forces e Sailor Moon R.

Começa 2019, e tenho novamente participação na retransmissão da Awesome Games Done Quick, que tem um gosto especial, pois uns meses antes, eu havia participado de uma maratona online pra arrecadar fundos pra ajudar a levar três runners de Mega Man pro evento, Luiz Miguel e Madu, brasileiros e o Soppa, um finlandês, para o evento.

Em fevereiro, finalmente começo a colocar as coisas pra viagem a São Paulo, como passagem, roupas e mala. A noite anterior a viagem foi típica pra mim, logicamente, eu não consegui dormir, ficando acordado até a hora de ir pra rodoviária. No caso, saí daqui da minha casa por volta das 3 da manhã, e como o tinha chovido no dia anterior, resolvo colocar uma jaqueta por cima da blusa que estava.

PRIMEIRO ERRO

Estava abafado pra caramba, e o ar condicionado do ônibus que peguei para a rodoviária não deu conta, então cheguei na Rodoviária Novo Rio pingando suor. Nisso, tive que esperar até a hora da viagem parecendo que tinha pegado chuva, mas felizmente por volta das 6 da manhã, o ônibus parte rumo a São Paulo, com uma parada planejada dali a duas horas em Rezende.

Felizmente o ônibus tinha wi-fi, mas aí, meu celular, que estava nas últimas, cismou do teclado parar de funcionar, então basicamente eu só podia mandar fotos pelo Instagram ou Facebook, ao menos quando o telefone não teimava em reiniciar porque sim.

Duas horas depois, passando por muita estrada e locais que te dão deja vu, o ônibus fez a parada planejada em Rezende. Eu estava com fome, então resolvi comer no “Shopping” da parada.

SEGUNDO ERRO.

Esse foi mais ingenuidade do que burrice, porque como eu nunca havia feito uma viagem de ônibus tão longa que necessitasse de paradas, eu não sabia que o preço da comida de parada de ônibus era tão alto. Diabos, uma torrada com um pouco de ovos mexidos e bacon custou a bagatela de 9 reais, juntando com o mate, mais o refrigerante e batata chips que comprei pra comer no ônibus (O que é um peido pra quem já tá cagado?), e essa brincadeira custou 25 reais.

O resto da viagem ocorreu numa mistura de estradas, estradas e estradas, tempo maluco, onde numa cidade caía um temporal e dois quilômetros depois o tempo estava aberto (São Paulo, Geovane, Geovane, São Paulo), e quando cheguei em definitivo na terra da garoa, fui recepcionado por seu habitante mais ilustre: O TRÂNSITO FILHO DA PUTA. Felizmente, como foi nosso primeiro encontro, ele foi gentil, e o ônibus que era pra ter chegado na Rodoviária do Tietê às 12:30, chegou por volta de 12:50. Obrigado, trânsito.

Lá, eu deveria me encontrar com um outro speedrunner, Fladervy (fera em Freedom Planet, Shovel Knight e Celeste) que viria do interior de São Paulo e o ônibus dele chegaria no mesmo horário. Só que eu mal lembrava da cara do Flad, porque tipo, só vi ele em GDQ e na Brat da BGS (onde rolou uma run foda junto com o argentino Revolucion, com 2 players 1 keyboard em Freedom Planet), nisso fiquei rodando pela rodoviária até ver um cara que lembrava muito ele, e venci minha timidez extrema e perguntei se era ele mesmo. Felizmente acertei. Nessa brincadeira já era uma e meia da tarde.

De lá, pegamos o metrô, e aqui deixo o adendo do quão cômodo é o sistema metroviário de São Paulo, pelo menos em comparação ao Rio, lá você pode ir de um ponto a outro da cidade, trocando de linhas. Claro, pegar na hora do rush deve ser tenso.

Não vou passar um play-by-play dos meus sete dias em São Paulo, mas basicamente em termos de convivência e clima, era sensacional.

Claro, muito do que rolou por trás do que era exibido no stream, foi graças a um pessoal que deu uma força imensa, como a APAE, que ajudou a providenciar a casa, e o pessoal do Beyond the Summit, que deu uma moral incrível com o equipamento de iluminação e câmeras, além de outras coisas que não me vem a cabeça agora.

Por conta de alguém que aparentemente queria fazer com que minha viagem fosse mais sobre ficar na casa do que runs espalhadas, todas as minhas runs aconteceram no mesmo dia, 4 de Março, segunda-feira de carnaval.

Antes disso, o que aconteceu foi eu ajudando com comentários em outras runs, ou lendo o chat (graças a um programinha maroto) na run de Mario Galaxy (que rolou num momento onde chovia bastante na Zona Leste de São Paulo e faltou luz nos dois quarteirões vizinhos, mas não na casa. RNG bom esse.) do Furlim.

As minhas runs foram na média, uma pena que eu nunca parei pra estudar termos técnicos ou strats avançadas (com exceção de Mighty Gunvolt, onde execução é a chave), mas ainda assim, foram divertidas.

Eu comecei abrindo o bloco de Mega Man com Mighty Gunvolt, e erros a parte, foi uma run decente, infelizmente o RNG não me ajudou e meu tempo IGT foi longe do meu PB. Pelo menos eu tinha a companhia do Mexicano_PB ali pra não ficar balbuciando sozinho por quinze minutos enquanto jogava.

Umas duas horas e pouco depois, eu estava lá novamente para jogar Sonic Forces, o que seria minha última speedrun do jogo. Sim, eu decidi me aposentar das runs de Forces, depois de ver o bluemania na AGDQ de 2019, e eu fiquei honrado de ter ali como companhia novamente o Mexicano_PB/CariocaMEX e o Kytes (que descobri depois é um xará meu), e a run foi basicamente três caras aloprando o jogo o máximo possível, fazendo piadas e se divertindo, já que o jogo não é necessariamente ultra diversão.

Por fim, minha última run foi Sailor Moon R, algumas horas depois, onde tive a companhia do hugo4fun, e felizmente teve gente que doou grana pra bidwar que rolou antes, pra que eu pudesse escolher a Sailor… E felizmente não escolheram a Mercury porque ela é muito ruim.

No geral, essa foi uma run tranquila, porque não tem momentos de “isso vai matar a run ou ferrar PB”, como pode acontecer com Mighty Gunvolt e Sonic.

Por fim, aquela foi minha participação como runner na Brazilians Against Time, mas ainda tivemos algumas surpresas no último dia, quando depois de descansar por algumas horas, eu acordo e simplesmente estava a melhor bagunça que já vi, o faeddin terminando Mineirinho, pra logo em seguida, juntar muita gente e memetizar uma speedrun de Michael Jackson’s Moonwalker, e esse foi o clima de encerramento da Brazilians Against Time.

E depois disso, mais tarde houve, e mais uma vez agradeço a APAE, um almoço no Outback do Shopping Metrô Santa Cruz. E claro, com aqueles preços lá, ainda bem que foi a APAE que pagou o almoço. Mas valeu a pena, porque é bom, apesar de no fim eu estar querendo colocar aquele chá gelado pra fora.

Na hora de ir embora, antes de me despedir da galera, decido ir no banheiro…

TERCEIRO ERRO.

Quando saio do banheiro, sete quilos mais magro, vi que me deram um balão e foram embora.

Não, não fiquei perdido, porque eu precisava ir pra rodoviária e o Shopping era ligado a estação do metrô, e felizmente, outro runner estava lá na estação, o Milani, então pegamos o metrô, ele pra Santo André e eu pro Tietê, onde fiquei aguardando o ônibus e provando o poder do gelo, pois a garrafa de água congelada ainda estava bastante congelada. Faltando doze minutos pro horário de embarque, o ônibus chega. O embarque acontece num misto de melancolia e alívio.

A melancolia vai dando lugar ao medo, porque por um lado, a ida para São Paulo se deu de manhã, a volta para o Rio foi já chegando no fim de tarde, e a noite amigo, a noite a Via Dutra é breu puro. Meu telefone a beira da morte, e por alguma razão, eu acompanhava algum jogo do Fluminense na rádio, e assim foi minha chegada ao Rio. Pra finalizar a melancolia, assim que desembarquei, fui “assaltado”, porque da Rodoviária Novo Rio, até o bairro onde eu moro (25 minutos de viagem talvez?), foram-se 60 Reais.

E assim, cansado, suado e com a porra de uma mala que minha mãe disse que era grande demais, mas quando saí pra viajar tava pesada, eu estava de volta ao conforto do meu lar. A sensação era de dever cumprido e de PUTA QUE PARIU, QUE TÁXI CARO, DA PRÓXIMA VEZ EU VOLTO MAIS CEDO E PEGO O BUSÃO.

Enfim, essa foi minha experiência na Brazilians Against Time desse ano. Se tudo der certo, 2022 talvez eu vá pra São Paulo novamente?

Agora você deve estar se perguntando… Sancini, porque está falando de algo que aconteceu em 2019?

A verdade: Esse texto, eu não lembro de ter terminado ele na época que escrevi.