Pegasus: Broken Wings | Corrupção intergaláctica

Pegasus: Broken Wings | Corrupção intergaláctica

04/10/2021 0 Por Geovane Sancini

Duas das coisas que eu mais gosto de fazer em relação a jogos são: Passear pelo Keymailer pra ver quais serão os próximos lançamentos do steam, e no processo descobrir jogos com nomes absurdos, como CARSFUCKINGDRAGONS (e sim, isso é um jogo de verdade. Quanto menos você souber disso, melhor) e começar séries de jogos pelo segundo jogo.

Devo ter dito isso umas 50 vezes ao longo dos meus textos aqui, mas é verdade. É uma coisa que acontece com uma frequência no mínimo assustadora.

Mas bem, como esse texto não é sobre CARSFUCKINGDRAGONS (e não, não pretendo falar sobre CARSFUCKINGDRAGONS nesse site. Minha sanidade não permite.), certamente será sobre um jogo que é o segundo de sua série. Mas bem, como eu disse no texto de Super Hiking League, aqui não falamos só sobre jogos badalados que seu amigo normie vive enchendo o saco pra jogar, aqui também falamos sobre aquele jogo desconhecido que você nunca ouviu falar ou sequer cogitaria comprar.

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Enfim, em 2018, a Astronomic Games lançara o RPG Pegasus-5: Gone Astray no Steam, e como nessa época eu tava lidando com coisas bobas, tipo MINHA IMINENTE DEMISSÃO na loja onde trabalhava (na verdade a loja fechou) e mais o fato de que PC gaming já não era minha praia tinha uns 3 anos (desde que comprei o PS3 em 2015), o jogo passou batido por mim. Porém agora, em setembro de 2021, a continuação de Pegasus-5 chegou ao steam. Intitulada Pegasus: Broken Wings, será que ela vale a pena? Acompanhe conosco.

Vim fazer uma entrega e acidentalmente a porra toda

Após os acontecimentos de Pegasus-5: Gone Astray, Edan e a tripulação da Pegasus chegam em um planeta para fazer uma entrega, e de quebra, visitar a prima de dois integrantes da tripulação, que reside lá.

Tudo parece ir bem, até que um ataque terrorista ocorre nas redondezas de onde eles estão, iniciando um estado de sítio, onde conforme a história avança, mais e mais liberdades individuais são tomadas dos cidadãos.

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Querendo ou não, Edan e seus amigos acabam se envolvendo na trama, que envolve não só as liberdades individuais das pessoas daquele planeta, mas possivelmente algo que pode se estender para toda a galáxia, com a corrupção e o autoritarismo.

A narrativa do jogo é dividida em dois pontos de vista, do próprio Edan, e de Ethyra, prima de Aleira e Elosys, com o ponto do Edan focando no que eles podem fazer para não entrarem em atrito com a polícia durante a primeira parte do jogo, e o ponto da Ethyra foca justamente na organização de proteção aos Direitos Civis que ela faz parte. As narrativas seguem até o momento em que não há mais como deixá-las separadas.

Um RPG? Uma visual novel? Um pouco dos dois, na verdade

Pegasus: Broken Wings

Pegasus: Broken Wings foi feito no RPG Maker MV, então você esperaria um RPG de turnos (ou quaisquer outra papagaiada que é possível de ser feita na engine), mas não. O jogo em si é conduzido mais ou menos como uma visual novel, apesar do controle que você tem do personagem.

Você acompanha a narrativa, e em pontos chave faz escolhas que darão prosseguimento a história do jogo, e apesar disso, você controla de onde o personagem vai e para onde ele vai, ainda que seja limitado pela narrativa do mesmo.

No início do jogo, você escolhe as especialidades primária e secundária de Edan e Ethyra, que funcionam mais ou menos como status para checks em ações. Se você tem carisma alto, pode usar a lábia para evitar conflito com policiais e convencer as pessoas do seu ponto de vista, se tem Tech alto, poderá hackear certos dispositivos, e assim por diante nos quatro atributos.

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O jogo possui uma narrativa linear, mas oferece uma miríade de maneiras disso acontecer. E mesmo ele tendo um começo, meio e fim, o mesmo possui variantes, dependendo de quanta verdade você quiser contar para o público.

Não existe um combate em si no jogo, apesar de termos situações que pedem isso, o que temos novamente são escolhas que determinam o resultado dos conflitos. E honestamente, apesar disso ser algo meio que estranho pra alguém que desejaria ver um combate “combate” no jogo, eu fiquei impressionado com a maneira que o criador do jogo fez as cenas de ação, porque se eu parar pra pensar. Se eu tivesse que contar aquela história, era exatamente o que eu faria.

Por ultimo, o jogo tem um sistema de romances, tanto para Edan quanto para Ethyra, e apesar de não funcionar tão bem quanto no jogo anterior, onde você podia flertar com os personagens, aqui, no lado do Edan ao menos, você já tem meio que a opção de escolher o romance em uma das cenas, onde você está meio que recapitulando os eventos do jogo anterior, com exceção da Ethyra. E com a Ethyra, caso ela não tenha sido escolhida como par romântico, você pode desenvolver com relacionamento com um dos dois colegas dela.

Departamento gráfico… Misto, por assim dizer.

Pegasus: Broken Wings

A primeira coisa que me chamou a atenção em Pegasus: Broken Wings, foram os sprites. Quem tá acostumado a jogos do RPG Maker, independente da versão, sabe que boa parte dos jogos possuem sprites no estilo chibi-anime, então ver sprites num estilo diferente, me chamou a atenção.

E são sprites até que bem feitos, fieis a sua contraparte dos renders. Isso inclusive, é uma das mudanças em relação ao primeiro jogo. Lá, podíamos escolher a cor da pele de Edan, aqui já é definida e as artes desenhadas dos personagens foram trocadas por renders em 3D.

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Os cenários, apesar de serem limitados pelo escopo do game, são bem feitos (não sei se são base do RPG Maker MV) e as cenas pré-renderizados até que são decentes, considerando minha aversão a 3D (o excesso de eroge com 3D pré-renderizados causou isso).

As músicas, são boas, complementando o clima meio sci-fi espacial urbano, e creio que são em sua maioria, Royalty Free. Mas elas são apenas boas, nenhuma que vá ficar na sua cabeça.

Recomendado (mas jogue o primeiro antes, ao contrário de mim)

Pegasus: Broken Wings

Considerando preço e duração do jogo, Pegasus: Broken Wings é um jogo que vale a pena. A trama tem um tom muito atual (as questões sobre liberdades individuais), sem ser piegas e a narrativa não é longa, nem curta demais.

O jogo dá a brecha para uma continuação, que pode ter um escopo maior ainda. Mas ele só será melhor aproveitado, se você tiver jogado seu antecessor, Pegasus-5: Gone Astray.

O jogo está disponível para PC através do Steam, e essa análise foi feita com uma cópia digital de PlayStation 4 gentilmente cedida pela Astronomic Games.