GAME XP 2019 | O Evento Fracassado que Deveria Acabar

GAME XP 2019 | O Evento Fracassado que Deveria Acabar

31/07/2019 3 Por Tony Santos

Pelo segundo ano seguido, marcamos presença nesse evento chamado de GAME XP, uma produção em conjunto do Ricardo Medina (produtor do Rock in Rio) junto com o pessoal do Omelete.

O evento nasceu como uma área ~gamer~ dentro do Rock in Rio e nos anos recentes evoluiu para uma coisa própria, com todo espaço dedicado à sua realização. Este ano, a Game XP aconteceu entre o dia 25 e 28 de julho, no Parque Olímpico, localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

A ideia do evento é se apresentar como o “maior game park do mundo” (seja lá o que isso queira dizer). Com diversas atrações ligadas (ou não) a tal cultura gamer, a expectativa era de que mais de 100 mil pessoas frequentassem o espaço durante os quatro dias. Mas será que valeu a pena?

Spoiler: não.

Créditos: Registro pessoal

Comida de casa? Não mesmo!

Antes de me dirigir ao local, pesquisei no site quais eram os objetos proibidos no lugar. Isso é praxe de acontecer, porém aqui me surpreendeu que não podia levar NENHUM líquido ou alimento. A desculpa é sempre a mesma: “objetos como garrafas, potes, pacotes e embalagens podem ser perigosos e por isso são proibidos”.

Ok, sr. Medina, era mais fácil dizer claramente que você quer que gastemos dinheiro nos food trucks licenciados do que tentar forçar a barra dizendo que um Trakinas pode ser usado pra matar alguém.

Créditos: Registro pessoal

Espaço externo e filas

Lá dentro, o espaço era bem amplo e bem preenchido, com atrações em diversas áreas fechadas e abertas. Do lado de fora, haviam mais atrações com apelo físico, como escalada, roda gigante, uma pista de kart enfeitada com a série Crash Bandicoot e até uma tirolesa.

Infelizmente, mesmo com a expectativa de público alto, nada foi feito para otimizar filas. Alguns outros lugares como a Brasil Game Show ou até mesmo os parques da Disney utilizam algum tipo de “fast pass” ou agendamento, onde você tem um espaço de alguns minutos pra formar fila e com isso, otimiza seu tempo de espera em cada atração.

Créditos: Registro pessoal

Aqui na Game XP tivemos zero esforço nesse sentido: filas simples por ordem de chegada, com divisórias de ferro fazendo ziguezague e espera de mais de uma hora pra cada uma dessas atrações. Como eu esperava ficar no máximo oito horas lá, nem me atrevi a esperar em alguma dessas.

Ambientes internos e jogos do evento

Já nas áreas internas, existiam atrações e estandes mais ligados a videogames mesmo. A Sony esteve presente com seus jogos mais recentes, com destaque para o remake de MediEvil e a experiência VR de Iron Man, que PUTA QUE O PARIU, foi a melhor coisa desse evento inteiro — e em breve você poderá ler o review da demo aqui–. Infelizmente todo mundo queria jogar e logo a fila para a demo (que durava uns 15 minutos) foi de incríveis duas horas, o que foi suficiente pra tirar boa parte do ânimo de muita gente.

Além disso, a Ubisoft — que está sempre ativa no mercado nacional — levou seu tradicional palco de Just Dance, além de Rainbow Six Siege, cuja final do campeonato brasileiro foi realizada no evento.

A Microsoft, por sua vez, preferiu não participar esse ano. Talvez tenha sido uma decisão sábia, já que eles não possuem nada pra mostrar no fim de geração e também por terem tido a sacada de que o evento não seria apropriado para expor a marca.

Além dos estandes maiores, haviam outros como o da Globo Play, que possuia alguns jogos simples em VR e estava avulsa na área interna, assim como o Banco do Brasil, que tem o pior marketing do mundo, fazendo gincanas forçadas e sem apelo. Na área interna ainda tínhamos o estande do Guaraná Antarctica, com alguns fliperamas com jogos originais que funcionariam melhor em tablets, onde quem ganhasse poderia adquirir um copo de plástico com um cordão.

Quem teve uma ótima sacada foi o pessoal da Galápagos Jogos, especializados em jogos de tabuleiro, que colocaram alguns funcionários rodando pelas filas com brincadeiras rápidas pra ajudar a passar o tempo e influenciar as pessoas a visitarem seu estande. Achei bem legal e vale a pena dar pelo menos uma olhada no site deles.

Créditos: Registro pessoal

De resto, houve muito foco em transmissão de League of Legends, mas como eram partidas sem peso de competição, foi difícil tirar empolgação dos expectadores, mesmo com tentativas falhas dos narradores e apresentadores de empolgar a galera.

Área arcade, a salvação

Um último destaque foi a área de fliperamas chamada Game Zone. Funcionava como um grande Play Center: CENTENAS de máquinas de fliper com os mais variados jogos, como: King of Fighters, Metal Slug, Cadillacs & Dinosaurs, Pac-Man, Galaga, Cruisin’ USA, Street Fighter II, Marvel vs. Capcom e afins.

A maioria incrivelmente com configuração de botões similar ao que estávamos acostumados em botecos e afins, uma grata surpresa visto que a grande maioria dessas máquinas de shopping sempre são montadas à moda caralho.

Créditos: Registro pessoal

No mesmo ambiente também havia um setor só de pinball e outro com um simulador de Fórmula 1. A fila também era bem mais curta, o que pode ter ocorrido porque a organização do evento decidiu esconder a Game Zone lá no final do espaço, quase como se fosse uma sobra pra matar o tempo entre as ~grandiosas~ atrações como ver gente jogando Fortnite ou show do Mano Brown.

Shows… pra quem?

Falando em show, eu gostaria muito de entender o que se passa na cabeça do Sr. Medina ao chamar grandes personalidades do cancioneiro nacional como IZA, Anavitória, Projota e Mano Brown pra um evento dedicado à videogames.

Aqui eu nem quero questionar a qualidade de suas músicas, até porque não tenho 13 anos e sei que tudo nesse mundo tem seu público, mas foi bem tragicômico ver o Projota falando de buceta pra um monte de pais com filhos pequenos com camisa do Minecraft.

Créditos: Registro pessoal

No máximo, ouso dizer seria melhor trazer bandas menores com mais apelo voltado a idade da maioria presente. A banda Supercombo, por exemplo, se apresentou brevemente na área interna. Não são meus favoritos mas acredito que encaixa melhor do que o Mano Brown falando das tristezas da quebrada paulistana pra um monte de carioca que pagou R$ 150 reais pra jogar Free Fire e comer comida cara.

Conclusão

Não estou sendo sensacionalista ou caça-cliques quando digo que a Game XP não presta. Ano passado já havíamos dito aqui no site que o evento tinha muito a melhorar, porém nada foi feito e inclusive ficou pior.

Atrações demoradas, pouca interatividade com jogos per se, shows desconexos com o público-alvo, entrada e comida cara mostram que tanto o Omelete quanto o pessoal do Rock in Rio criaram a Game XP sem a menor intenção de trazer uma experiência com jogos para seus frequentadores.

Créditos: Registro pessoal

É um grande programa de índio onde você mal joga, mal assiste pessoas jogando e mal se diverte. Não passa de um Rock in Rio sem muita música e uma CCXP sem quadrinhos, restando somente uma grande abismo de nada.