WWE 2k19 | Dois passos pra frente, um passo para trás

01/11/2018 0 Por Geovane Sancini



Se tem uma coisa que praticamente todo mundo fala… Jogos de esporte anuais são sempre a mesma coisa, muda uns bonequinhos e pronto, tá lá na prateleira das lojas, o mais novo jogo dessa franquia.  Com WWE não é diferente, afinal, há QUASE VINTE ANOS a Yuke’s vem desenvolvendo os jogos oficiais da WWE, ao menos os principais. Recentemente, saiu o mais novo simulador de luta livre da World Wrestling Entretainment, o WWE 2k19. Será que ele é só um “WWE 2k18 que é o 2k17 que é o 2k16 que é o 2k15 com bonequinhos novos?” É o que veremos.

Eu sou um fã de wrestling, isso é notável já de um tempo, e também jogo videogames (Oh, não diga, seu babaca!), tanto que do WWE 12 até o 2K19 eu só não joguei o 2k18 porque quando comprei o PS4 faltava pouco pra sair o sucessor. Dito isso, vou dizer que eu admiro muito quem passa horas e horas montando move-sets para CAWs (termo utilizado para os lutadores customizados criados), porque amigos, fazer isso pro lutador que você criou É CHATO A BEÇA, NÃO IMPORTA O JOGO. Desculpem, me deixei levar.



A primeira mudança notável em relação ao 2K17 e ao 2K18, foi a volta do 2K Showcase, que nas duas edições anteriores estava relegado apenas ao DLC do Hall da Fama. Dessa vez, temos a carreira do líder do Yes! Movement, Daniel Brian, pelo menos na WWE, começando lá atrás no início dos anos 2000, até seu retorno na Wrestlemania desse ano.


Admito que sabia MUITO POUCO sobre a carreira dele, e foi legal ver ele recontando esses fatos  (e não coisas lidas na Wikipedia) e foi muito classudo da Ring of Honor ceder imagens da passagem do American Dragon por lá (ainda que tenham omitido o CM Punk porque né), e ver o senso de humor do próprio DB contando os reveses que sofria (“E é agora que a minha carreira deslancha? NÃO”), e confesso aqui: Na época em que ele anunciou a aposentadoria, no ano passado, admito que só fiquei chateado, mas depois de revisar a carreira dele no showcase, foi bem tenso reviver a despedida.


Como Showcase em si, é possivelmente o melhor, já que o do 2K15 é quebrado em duas partes (três se contar o mini-showcase do NXT das versões de PS3 e 360) e o do 2K16 é legal por causa do Austin e o do WWE 13 é a Attitude Era, que também é legal , mas o do Daniel Bryan superou. Desse modo em si, não tenho tanto do que reclamar, exceto talvez a falta de balanceamento em algumas das lutas, já que as vezes você passa por uma difícil para depois conseguir uma fácil logo em seguida.




O Modo Carreira (My Career) recebeu uma repaginada TOTAL em relação aos jogos anteriores, porque agora ele parece mais uma volta do clássico Road to Wrestlemania, que tava sumido desde o Smackdown vs RAW 2011. Você cria seu Superstar e segue por uma história que começa numa pequena empresa independente e termina com a coroação na Wrestlemania, são 14 capítulos que tem o mesmo problema de balanceamento do showcase, lutas duras seguidas de lutas fáceis.




Um lado positivo, é que há uma história coesa, você interage com os superstars da WWE e você se sente parte daquele mundo, por outro… Você não tem tanta liberdade como antes. Nos modos carreira do 2k17 e 2k18, dependendo do seu tryout, você podia parar no NXT ou ir pro Main Roster, ter as rivalidades que deseja dentro das limitações do jogo, ter quem quiser como seu manager e ir atrás dos títulos que quer, atacar os lutadores nos bastidores, interromper lutas, fazer promos. Aqui, você segue em linha reta. Você pode ter lutas secundárias, mas nada que vá interferir na história, só vai dar XP para você evoluir seu lutador.


Uma nova adição a franquia, são as 2k towers, as torres de desafios, que na teoria são novidade, mas na prática, são só mais lutas. Ok, eu falando assim parece meio pessimista, o lado positivo é que essas lutas em sequência te dão pontos que ajudam a desbloquear os outros lutadores (mais pra frente falo do roster), e a principal torre é a Million Dollar Tower, onde com o garoto da capa A.J. Styles, você deve vencer 15 lutas consecutivas, sem regeneração de HP após a luta (nas outras torres, sua energia é recuperada).




E se você é fã de jogatina online, o modo online tem alguns desafios extras pra te manter entretido (ou não, porque dadas as minhas experiências com WWE online, vai dar lag pra caramba) por algum tempo extra.


Agora passemos para o ponto da jogabilidade, onde abordarei desde o roster do jogo, a como funciona a evolução do personagem no modo carreira e as mecânicas do jogo. Em termos de mecânica, ele é uma versão mais refinada do jogo anterior, não é tão difícil de aprender, os golpes são feitos com combinações simples que não exigem tantos botões. Com pouco tempo de prática, já estará dando Superkicks feito os Young Bucks. Anyway, encha a barra de momentum e poderá desferir o Signature Move, um movimento poderoso que ajuda a definir a luta. E após o Signature, você poderá usar o finalizador (ou encha a barra de momentum até os 150% e o Signature se transformará no finisher).


Eu perdi um tempo explicando, mas acredite, é mais simples do que parece, seu único problema vai saber as nuances de cada lutador pra jogar online. Aliás, mesmo com os comandos sendo iguais para os lutadores, eles se comportam de maneiras diferentes e aplicam golpes de maneiras diferentes. Um Suplex com o Mojo Rawley não vai tirar o mesmo tanto de energia que um suplex com Braun Strowman por exemplo.



Dito isso, a escolha do roster é meio esquisita. Não pelas escolhas em si, mas pelos lutadores que ficaram de fora do título. Enquanto temos novidades, como Bianca Belair (vinda do primeiro Mae Young Classic), Drake Maverick (como manager) e Kairi Sane (Ex-NXT Women’s Champion e lutadora por qual tenho não uma queda, mas um tombo), gente como Nikki Cross (que já tá no NXT há um tempão) e Tomasso Ciampa (O cara que é tipo… O atual NXT Champion) ficaram de fora. Sei que os Dudley Boys ficaram de fora porque estarão no Showcase do Hall da Fama, mas né.


A falta de gente no roster ao menos é compensada com as criações da comunidade, onde você pode achar praticamente todo tipo de criação, desde roupas atualizadas pros lutadores, a gente que já foi embora da WWE ou não está no jogo, como os brasileiros Adrian Jaoude, Cesar Bononi e Taynara Conti.


Evoluir o seu personagem no modo carreira ficou bem diferente das versões anteriores* (*não tenho o 2K18 pra comparar, se eu o achar por 50 reais, quem sabe…), pois agora você ganha experiência que é automaticamente convertida em pontos para evoluir atributos em uma árvore de skills. É um samba do crioulo doido que se quer saber a minha honesta opinião, complicou o que era simples e funcional das versões anteriores do jogo.


Existem outras minúcias que podem ser exploradas por jogadores com um TOC maior que o meu, como o sistema de overcharge e o de payback. Mas honestamente, foram coisas que pouco usei na prática.



Graficamente, eu não tenho tanto a dizer a favor ou contra, porque os modelos são bem feitos e as arenas na maior parte do tempo são fidedignas ao original (exceto quando temos num Universe da vida um NXT sendo fora da Full Sail), mas jogadores podem encontrar alguns glitches, como o do homem invisível atacando um lutador derrotado. E as criações dos usuários na Community Creations, tanto no PS4 quanto no Xbox One, ajudam a tornar a experiência um pouco mais completa, porque existem pessoas na comunidade que já fazem isso há alguns anos e continuam contribuindo.


Sonoramente… É uma faca de dois gumes. A dublagem no modo carreira é, em 95% dos casos, excelente, com os lutadores soando como lutadores mesmo, sejam em promos ou conversas casuais, totalmente diferente da coisa robótica que tínhamos em alguns jogos mais antigos nas eras PS2 e início de PS3 (me referindo a WWE). Inclusive destaco AJ Kirsch que dubla o nosso personagem, Buzz, deu um pouco mais de humanidade a ele. O porquê do 95%? John Cena. Problemas com datas, impediram que o Big Match John dublasse a si mesmo no jogo, e o que temos no jogo é quase como o Randy Orton imitando o Cena, sério. É tosco a esse ponto.


Outro problema, é que a narração é mais ou menos a mesma coisa dos jogos anteriores, você já sabe o que esperar, por mais que eu goste da química entre Michael Cole, Corey Graves e Byron Saxton (substituir o Saxton por uma samambaia não é uma má ideia), não é tão diferente do que teve antes.


Isso me leva aqui a outro ponto negativo, que são os problemas no som, muitas vezes durante o modo carreira, a torcida ficava muda do nada durante uma promo, tipo, sem ruído nenhum. E outro problema não muito agradável, é que muitas vezes as falas da narração são repetidas. Não me refiro a tipo, você ouviu o Michael Cole falando “O João Cena acertou uma cadeirada em AJ Estilos em 2018 no Slam de Verão” numa luta do Universe Mode e depois repetir em outra luta. Me refiro a fala sendo repetida SEGUIDAMENTE.


A trilha, depende muito se você gosta ou não das músicas do jogo e dos temas dos lutadores, você pode ajustar a jukebox então não é nenhum ponto de destaque. Como eu não quero tomar copyright strike nos meus vídeos de 2k19, eu tiro as músicas licenciadas mesmo.


Finalizando, se você não é fã de luta livre, não vejo razão para comprar esse jogo, já que não é do seu nicho. E é uma linha grande entre comprar esse ou pegar a versão anterior mais barata, já que o suporte a criações da comunidade vai até cerca de um ano e meio depois do lançamento (O que significa que os servidores do 2k18 serão desligados até maio de 2019). Mas, se você é fã de WWE e não compra nenhum jogo da franquia faz algum tempo, talvez se você tiver dinheiro sobrando, pode ser uma boa compra. É um bom jogo, mas existem as ressalvas que apontei nessa análise.


WWE 2k19 está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC.